
Aldeias (13)
União de Freguesias de Penso e Freixinho
Escrito por AdministratorPenso
É aqui que chega o Ribeira de Guímar, proveniente da Serra da Lapa, dividindo a povoação enquanto caminha para o Távora. A fonte de duas bicas, ponto de paragem obrigatória para recolha do precioso líquido, nunca seca. Em qualquer época do ano jorra água em força para o tanque adjacente. Diz Vasco Moreira que Penso é terra antiga por onde terá passado uma via romana que de Lamego seguia até Almeida. Os tempos modernos trouxeram uma via em asfalto e com ela o consequente aumento de tráfego. De qualquer forma, não se desfez o triângulo com o vértice no monte e a base no vale e a companhia amiga da Serra da Borralheira. A Igreja Matriz, dedicada a S. Sebastião, é o “ex-libris” da aldeia. No interior encontra-se uma pia de água benta do século XV, provavelmente trazida de outro local. A janela manuelina por detrás do fontanário é outro exemplo de requinte construtivo. Penso tornou-se conhecida pela azenha e pelo alambique da família Aquino, que se deslocou da margem do rio aquando da construção da Barragem de Vilar.
A-de-Barros
A-de-Barros, vizinha da estrada nacional 226, situa-se a um quilómetro da freguesia a que pertence: Penso. Impregnada no sopé dos montes que descem de Carregal, é uma localidade que data do século XIII. O bonito casario, sobranceiro ao Távora, partilha o pedaço de margem com a Casa de Adbarros ou Solar dos Noronhas. Consta que o solar simboliza a aliança antiga entre a realeza e o povo e que foi uma das mais ricas e nobres da Beira, ainda hoje reconhecida pela circunstância de ter sido hospedagem de D. Dinis. O lavrador, que era proprietário da casa, passou a fidalgo pelo facto de ter recebido distintamente o Rei Lavrador.
Informações Gerais
Coordenadas | 40°55'16.9"N 7°32'08.9"W |
População em 2011 | 230 |
Área | 7.71 km² |
Orago | São Sebastião |
Locais a Visitar
Freixinho
Freixinho é uma freguesia famosa pelas suas Cavacas, pelo bom vinho e pelo azeite de excelente qualidade. É outra das aldeias vizinhas do Távora que muito se alterou com a subida das águas depois da construção da barragem. A população, privada das melhores parcelas agrícolas e pomares, deslocou-se para o Monte Gordo, onde plantou videiras e oliveiras. Com a margem direita do rio mantém hoje uma relação cordial, onde construiu inclusive uma moderna zona de lazer e recreio, equipada para proporcionar tardes de diversão a toda a população e a quem visita a aldeia, principalmente por alturas do Verão. Aceder a esse local de recreio é hoje um convite a passear pela deslumbrante marginal que circunda a aldeia de Freixinho, com início no recuperado Forno Comunitário. Mas a história de Freixinho é a história do Recolhimento de Nossa Senhora do Carmo, hoje hotel rural. Fundado em 1704 por João de Gouveia Coutinho, escapou à devastação das invasões francesas, não resistindo, contudo, ao período conturbado de 1910, que levou à sua confiscação. As religiosas foram expulsas e com o desaparecimento do Recolhimento as classes humildes da freguesia perderam um importante auxílio para a sua vida educativa, religiosa e social. Entretanto, já as saborosas Cavacas de Freixinho tinham transposto os muros da cerca e granjeado admiradores pelo país. Essencialmente agrícola, Freixinho é uma aldeia onde a Igreja Matriz de S. Miguel Arcanjo, construída no século XVI, sobressai do conjunto do edificado. É constituída por duas capelas interiores: a de Nossa Senhora da Conceição (fundada pela família Cunha); e a de S. José (fundada pela família dos Soutos). Em cima da Ponte de Freixinho vale a pena parar e admirar a calmaria do Távora. Em tempos, o rio não foi tão pacífico e engoliu a Ponte do Pontigo, a única travessia que garantia a regularidade das trocas comerciais com a Freguesia de Penso. Ainda lá estão os arranques da ponte de um arco, com a sua pedra geometricamente aparelhada. A montante deste local, admira-se hoje uma das mais significativas obras do Concelho de Sernancelhe: o Açúde do Távora, espelho de água que será a âncora da estratégia de dinamização turísitica do Concelho e o novo fôlego para as aldeias ribeirinhas e a região.
Informações Gerais
Coordenadas | 40°56'09.2"N 7°31'47.0"W |
População em 2011 | 140 |
Área | 5.81 km² |
Orago | São Miguel |
Locais a Visitar
Vila da Ponte
A freguesia conhecida como a Pérola do Távora deve o seu nome a uma antiga ponte de cantaria que ali existiu. Abrigada pelos montes da Borralheira e Gordo, a aldeia é conhecida também pelo bonito Santuário da Senhora das Necessidades e pelo aproveitamento que as suas gentes tiram do rio, principalmente a nível gastronómico. Os restaurantes da aldeia reservam grande espaço nos seus menus para os petiscos à base de peixinhos do rio. Ocupada pelos romanos, paróquia cristã durante a Idade Média, a Vila da Ponte ganhou o estatuto de Vila em 1661, tendo-lhe sido atribuída Câmara, Casa da Cadeia e Pelourinho. O facto levou ao aparecimento da fidalguia. Gouveias, Fonsecas, Rebelos, Almeidas, Leitões, Cardosos e Lucenas ergueram aqui as suas casas, das quais ainda se apreciam construções espaçosas e elegantes, ostentando nas fachadas os seus brasões. O Largo da Praça é o ex-libris da aldeia, evidenciando a importância administrativa de outrora. As invasões francesas marcaram muito Vila da Ponte. As tropas de Napoleão permaneceram aqui três meses, transformando a Igreja em depósito de munições de guerra. A vila perderia o seu estatuto em 1885, integrando definitivamente o concelho de Sernancelhe. Dento da povoação há várias capelinhas que espelham a devoção das gentes de Vila da Ponte. A de São Sebastião é uma das mais antigas e curiosas por ter na sineira lateral um santo de pedra. Cardia e São Roque são duas das quintas anexas de Vila da Ponte. Cardia é muito interessante por se situar em cima de uma enorme laje. A mesma laje que foi palco lendário de danças de feiticeiros e de piruetas de lobisomens. Vila da Ponte é hoje o cerne do projeto turístico delineado para o Rio Távora. Na margem direita do rio já nasceram o Largo de Festas e o Espaço de Jogos, sendo a freguesia muito procurada para veraneio. O espelho de água é hoje uma imagem de marca da Vila da Ponte, que aposta forte na canoagem e no acolhimento a provas de índole nacional.
Informações Gerais
Coordenadas | 40°55'02.2"N 7°30'36.9"W |
População em 2011 | 470 |
Área | 12,71 km² |
Orago | Nossa Senhora das Necessidades |
Locais a Visitar
União de Freguesias de Sernancelhe e Sarzeda
Escrito por AdministratorSernancelhe
Varrida pelo vento de todos os lados, a Vila de Sernancelhe não esconde que se situa a 650 metros de altitude. No baixio é abraçada pelos rios Távora e Medreiro, que refrescam as margens, fertilizam os campos e irrigam as culturas. Nas encostas florescem quintas de pomares e vinhas, campos de batatas e milho… culturas que foram, em tempos, símbolo de um concelho farto e rico. Tão rico e diverso que a Vila acabaria por ter um passado grandioso, como se constata pelo número e proporções dos seus edifícios. A época medieval também marcou Sernancelhe, deixando na sua igreja e nas sepulturas antropormóficas que a circundam um cartão de visita para a eternidade. O ponto mais alto é o Monte Castelo. Foi por detrás da Porta do Sol que terão sido dados os primeiros passos para edificar um concelho que é anterior à fundação da nacionalidade. Depois de subirmos o escadario que conduz à Santinha, podemos olhar a esplêndida paisagem que desafia a linha do horizonte. Recriando um misto de vale e montanha, são os castanheiros que mais contribuem para o colorido da encosta do Monte da Senhora de Ao Pé da Cruz, a padroeira da Vila, com festa marcada para o três de maio. Com efeito, é também a partir do Monte Castelo que se desenha sobre a Vila um mapa de contornos bem definidos. O Adro, aglutinador de civilidade, foi a praça da vila até ao século XIX. Ao lado da Igreja, construída em finais do século XII, ergue-se na antiga Escola Primária o edifício da Biblioteca Municipal. Mais adiante, o Pelourinho, de alto fuste granítico, data de 1554 e é fronteiro à Casa da Câmara, da qual parece companheiro inseparável. O Museu Padre Cândido guarda hoje os vestígios arqueológicos que explicam esta terra, bem como a paramentaria religiosa pertença da Igreja de Sernancelhe. A Ordem de Malta, à qual se deve o período próspero do Concelho de Sernancelhe, exibe ainda a Casa onde durante anos notáveis freires e comendadores desenvolveram valorosas iniciativas em prol da comunidade. Recuperada para unidade hoteleira, a imponente mas sóbria habitação ostenta ainda o brasão onde se inscreve a data de 1611. Mais recente é o Auditório Municipal, o espaço onde têm lugar os acontecimentos culturais mais relevantes do concelho. Este edifício desempenhou ao longo dos anos muitas funções cívicas, sendo as mais relevantes as de Câmara Municipal e Registo Civil. A fidalguia deixou-nos exemplares como a Casa dos Condes da Lapa e Barões de Moçâmedes. O Solar dos Carvalhos, que desponta por detrás da Igreja, foi construído no século XVIII a partir dos materiais dominantes no concelho, como o granito, e encontra-se em admirável estado de conservação. Descendo pela rua Oliveira Serrão, que conduz ao actual edifício dos Paços do Concelho, pode apreciar um conjunto de habitações com um traça bem peculiar, hoje dedicadas essencialmente ao comércio tradicional. A rua é larga, ligeiramente inclinada, e leva-nos até à Escola de Trânsito, onde as crianças recebem os primeiros ensinamentos teóricos e práticos sobre prevenção rodoviária. Em frente, um portão de grandes proporções indicia que estamos a entrar no Centro de Artes, onde se situa também a Loja Interativa de Turismo. Mesmo ao lado surge o Centro Infantil, o edifício moderno onde funciona uma creche e um jardim infantil. Em plena Avenida das Tílias decorre grande parte da atividade comercial da Vila, amirando-se, no local onde exisitiu o antigo hospital, a moderna Unidade de Cuidados Continuados de Sernancelhe, edifício da Santa Casa da Misericórdia. Resguardadas pela frescura das copas de dezenas de árvores, podemos aceder a instituições como a Escola Profissional de Sernancelhe, o Centro de Saúde, a Central de Camionagem ou o Parque da Feira. Mais ao lado fica a Piscina Municipal e o campo de ténis. Continuando pela avenida principal da Vila chegamos à Ponte do Rio. Recebe-nos a Capela de Nossa Senhora dos Prazeres, que sobressai no fabuloso enquadramento paisagístico. Descemos até à margem do rio e, percorrendo alguns metros, deparamo-nos com a Fonte de Mergulho de arcatura geminada, datada do século XVII. “O sítio da Ponte do Rio é um lugar poético, que um dia haverá de tornar-se talvez espaço de ecomuseu, com represa lembrando lavadeiras, a capela setecentista de elegante alpendre, a fonte de mergulho, o moinho de água e a ponte do Medreiro mais abaixo”, escreve Alberto Correia, aludindo àquele local. Bem perto deste ponto, destaque para o Expo Salão Sernancelhe, um espaço de referência regional no que à promoção e valorização dos produtos e produtores locais diz respeito. Continuando junto à margem do pequeno riacho chegamos à Praça Padre João Rodrigues. Construída na década de 90 pela autarquia, presta uma singela homenagem ao ilustre sernancelhense que escreveu a primeira gramática de japonês. Ao lado surge o Pavilhão Municipal e a Escola E.B. 2,3. A Praça de Jacou, vila francesa com a qual Sernancelhe se geminou, simboliza a união entre dois povos diferentes na língua mas iguais no desejo de trocar experiências culturais. Por forma da Reorganização Administrativa do Território das freguesias, em 2013, alterou-se a designação da Freguesia, sendo hoje União de Freguesias de Sernancelhe e Sarzeda, incluindo as localidades de Ponte do Abade, Mosteiro e Seixo.
Ponte do Abade
Nesta povoação, anexa da freguesia de Sernancelhe, é a ponte românica que une e que separa tudo. Une a povoação e os habitantes, mas ergue uma fronteira administrativa que redunda na pertença a duas freguesias, dois concelhos, dois distritos, duas paróquias, dois bispados… tudo por causa do rio atravessar a aldeia, tudo por causa da ponte de dois arcos levantada sobre o Távora! Do património religioso consta a capela dedicada a Nossa Senhora do Amparo, uma construção recente, mas que é motivo de grande movimentação religiosa. Porque Ponte do Abade é atravessada por uma estrada nacional, cedo se transformou em albergaria. A aldeia ficaria conhecida pelo seu requinte gastronómico, como é o caso do bacalhau à Ponte do Abade, regado com azeite da região e acompanhado pelo estaladiço pão, cozido nas padarias da terra. As migas de bacalhau ou a sopa da pedra trazem à memória a arte culinária de muitos filhos desta povoação. Os peixinhos do rio em molho de escabeche, assim como as trutas pescadas no Távora, também constam da ementa local.
Mosteiro da Ribeira
Situado na margem direita do Távora, este povoado distribui-se pelo casario que nasceu à sombra do velho Mosteiro, construído no século XV, para frades de S. Francisco e que, no século seguinte, passou para freiras da mesma ordem religiosa. O Mosteiro é o símbolo da povoação e um dos mais belos exemplares da arquitetura religiosa do concelho de Sernancelhe, conhecido como “Terra de Mosteiros” devido ao número e importância das suas edificações. A igreja, recentemente recuperada, enriquece o conjunto e ostenta um belíssimo altar-mor de talha de finais do século XVII. O teto tem pinturas com monjas santas e outros santos populares. No interior da cerca do Mosteiro há uma série de pequenas capelas, uma fonte de água e um reservatório que permitia o abastecimento ao edifício e era usado para rega de culturas. Dizia Abade Vasco Moreira, no livro “Terras da Beira – Sernancelhe e Seu Algoz”, a propósito de Mosteiro da Ribeira: é um “Vale tão gracioso que só devia ser habitado, depois das monjas, pelos poetas”.
Informações Gerais
Coordenadas | 40°53'50.5"N 7°29'44.7"W |
População em 2011 | 1183 |
Área | 23.56 km² |
Orago | Sr.ª de Ao Pé da Cruz |
Locais a Visitar
Sarzeda
Irmãos no sofrimento, humildes no estilo de vida, os habitantes desta aldeia são hoje conhecidos pelo forte espírito comunitário que os une. Diz-se que o melhor que esta gente tem é que gosta de bem receber e, por isso, coloca na mesa pão, salpicão, presunto e vinho com fartura. Vencedora de vários concursos anuais de castanha, Sarzeda tira partido do solo ímpar que possui e faz da agricultura importante complemento económico. Subindo ao ponto mais alto, ao monte de Santa Bárbara (que protege das trovoadas), avistam-se os frondosos soutos, os palheiros nas eiras, as mimosas, os linhares e as vinhas. Este recinto, onde acontece festa rija, foi requalificado e ganhou a dignidade merecida, permitindo o culto e, em simultâneo, o lazer e o recreio das gentes da Sarzeda. Dentro da povoação, pode contemplar-se a capela de S. Sebastião e a Igreja Matriz, levantada no século XVII por influência da Ordem de Malta. Muito ligada aos ofícios, onde pontua a madeira, o mármore e o granito, Sarzeda guarda ainda alguns símbolos da antiguidade, como são os casos das sepulturas antropormóficas cavadas em rochedos no sítio dos Lameirões e no Pocelo.
Seixo
Fica desviada, para norte, alguns quilómetros da Sarzeda. A igreja matriz dedicada a Santa Maria Madalena, trasladada para lugar mais aprazível, merece uma visita. As gentes, tal como as de Sarzeda, são aguerridas mas hospitaleiras. O povinho tem ar meigo, a rusticidade é uma constante, assim como os enormes penedos que brotam da serra como cogumelos. Está equipada com espaços desportivos, culturais e a marca que mais distingue os habitantes do Seixo é o seu dinamismo.
Informações Gerais
Coordenadas | 40°54'22.1"N 7°27'39.8"W |
População em 2011 | 530 |
Área | 21.06 km² |
Orago: Sarzeda | Santa Luzia |
Seixo | St.ª M.ª Madalena |
Locais a Visitar
Quintela
A ação dos jesuítas foi determinante para a evolução de Quintela, a que pertencem as localidades da Lapa, Quinta de Almarigo, Cando e Moinhos do Vouga. Localizada na encosta que desce da Lapa para a nascente do Rio Vouga, por entre pinheiros e pastos verdejantes, encontra-se o casario do povoado de Quintela. Muito exposta à erosão e às agruras dos temporais, a freguesia não tem solos ricos para a agricultura, mas, em compensação, detém pastos abundantes que ajudam no desenvolvimento da pecuária. O queijo é, de resto, uma importante fonte de receitas das famílias locais. Terra de gente trabalhadora e hospitaleira, Quintela é uma freguesia que não esconde a humildade das suas gentes. Habituada a tirar partido do que a terra dá, criou estilos de vida muito próprios que se refletem, por exemplo, nas casas tradicionais, construídas em blocos de granito. A ruralidade está ainda bem patente no facto de animais como o burro e a vaca serem fundamentais no amanho das terras de cultivo. A Igreja Matriz de S. João Baptista e a Capela da Irmandade das Almas são locais de visita obrigatória em Quintela, o povoado onde não se estranha a presença de rostos típicos da serra, envoltos em lenços negros, em sinal de luto permanente. São assim as “Terras do Demo”, onde os mais idosos vestem a mesma roupa no inverno e no verão e dizem, com sapiência, que “o que tapa o frio tapa o calor”.
Lapa
Localidade anexa da freguesia de Quintela, situa-se a cerca de mil metros de altitude e cresceu por entre serras enfraguadas e rigorosos nevões invernais. Terra pequena, de construções de granito enegrecido pelos ventos do Marão, é na Lapa que nasce o rio Vouga. A história desta localidade começa em 1493 com o aparecimento da imagem de Nossa Senhora debaixo de uma lapa. A lenda tomou proporções nacionais e, sem demoras, surgiram as primeiras construções naquele local. “Para abrigo da Imagem, e resguardo temporário de fiéis, principalmente no tempo de maior afluência deles, construiu-se um oratório e levantaram-se algumas barracas simples”, diz Abade Vasco Moreira, no livro “Sernancelhe e Seu Alfoz”. Alguns anos mais tarde, e já sob a orientação dos jesuítas, foi construída a atual Igreja, no exato local onde a Pastorinha Joana descobriu a imagem. O Colégio, onde gente ilustre como Aquilino Ribeiro estudou gramática, latim, lógica e moral começou a ser construído no fim do século XVI e é uma das obras maiores dos Jesuítas na Lapa, funcionando hoje como pousada do Santuário. Para delimitar os locais por onde chegavam os fiéis à povoação, foram erguidos quatro miradouros em lugares equidistantes da Igreja. Em 1740, e pouco antes de serem extintas as ordens religiosas e expulsos os jesuítas, a Lapa foi elevada à categoria de Vila. A Casa da Câmara e Cadeia e o Pelourinho simbolizam a importância administrativa da Lapa nesse período. Em 1885 perdeu o título, ingressando no concelho de Sernancelhe. A mítica “cidade” que os jesuítas criaram ainda perdura no tempo. Três grandes romarias ocorrem nesta localidade, sendo a maior a de 15 de agosto. Como herança, a Companhia de Jesus legou à povoação um extraordinário movimento de peregrinos, principalmente do Minho e das Beiras. E também a certeza que os devotos vêm à Lapa não apenas para pedirem a proteção de Nossa Senhora ou para pagarem tributo pelas graças concedidas, mas para apreciarem as iguarias locais, como são os casos do pão e do queijo de cabra.
Informações Gerais
Coordenadas | 40°51'40.0"N 7°34'56.0"W |
População em 2011 | 294 |
Área | 12.77 km² |
Orago | São João Batista |
Sr.ª da Lapa |
Locais a Visitar
. Igreja Matriz de S. João Baptista - Quintela |
. Capela da Irmandade das Almas - Quintela |
. Moinhos do Vouga - Quintela |
. Santuário da Lapa: Igreja e Colégio - Lapa |
. Pelourinho - Lapa |
. Museu do Ex-Voto - Lapa |
. Nascente do Rio Vouga |
. Miradouros |
Lamosa
A meio caminho entre as serras da Lapa e Nave, Lamosa rasga horizontes por entre os planaltos e conduz o nosso olhar para o Marão e para a Estrela. O frio característico do inverno faz-se sentir aqui em jeito cortante e implacável. As chuvas fazem transbordar a Ribeira de Lamosa, alagando propriedades e gerando lameiros verdejantes. Aliás, o seu nome deriva da palavra “lamas”, abundantes em redor do pequeno regato que banha o seu termo e de onde saem as saborosas trutas para colocar em calda de escabeche. O curso de água, que vai ter ao rio Paiva, é determinante para puxar as mós da família dos Moleiros. Dos três moinhos que o clã detinha, está ativo apenas um. A família ainda tentou ampliar o negócio com a construção do moinho de vento, mas este nunca chegou a funcionar em pleno. É no ponto mais alto da freguesia que se situa este do moinho de vento, requalificado para Centro Interpretativo da Bio-diversidade da Rede Natura de Lamosa. Deste projeto faz parte também a antiga Escola Primária, agora Centro Pedagógico da Rede Natura, onde os mais novos podem conhecer a especificidade natural deste território protegido, bem como as espécies da fauna e flora únicas na Europa. Bem perto, e de construção recente, ergue-se a Igreja Matriz, que substituiu a antiga (por ser demasiado pequena). O calvário aí colocado assinala a presença do cemitério. Ao lado, a povoação aproveita um largo da estrada para secar cereais, como se de uma laja comunitária se tratasse. A Fonte de Mergulho, o casario típico e as sepulturas antropomórficas encontradas no Verdogal advertem para a antiguidade da aldeia, reconhecida pela união das suas gentes e pela tenacidade de quem daqui parte para outras paragens.
Informações Gerais
Coordenadas | 40°53'14.8"N 7°37'17.2"W |
População em 2011 | 179 |
Área | 19,01 km² |
Orago | Sr.ª dos Emigrantes |
Locais a Visitar
. Centro Interpretativo da Rede Natura de Lamosa - Moinho de vento e Escola |
. Igreja Matriz |
. Sepulturas antropomórficas do Verdogal |
. Ribeira de Lamosa - Percurso Pedestre |
Granjal
Granjal deve a sua origem à Ordem de Malta. É uma das aldeias mais verdejantes do concelho, escondendo-se o seu casario por entre pinheiros e castanheiros, alguns velhos de séculos. O povoado cresce agora encosta acima, ajoelhando-se aos pés da ermida de Nossa Senhora da Aparecida. Graças à sua água de montanha, à frescura e ao parque de merendas é um dos locais mais requintados da aldeia. Considerado um miradouros natural de grande interesse, é a partir deste ponto que se vê a sede do concelho, as aldeias vizinhas e, em dias mais claros, o castelo de Penedono. Envolta pelas serras da Borralheira e Lapa, Granjal começou por ser uma granja (conjunto de dependências de uma propriedade agrícola). A riqueza do seu solo, principalmente na Lameira de Arados, transforma esta terra numa das mais produtivas do concelho. A Ribeira de Guímar ou de Arados, que nasce em pleno coração da serra da Lapa, vai irrigando as pequenas parcelas à sua passagem, sendo responsável pela qualidade excepcional das culturas. Terra de ferreiros, muito requisitados pelas suas habilidades na arte de ferrar os cavalos e burros, Granjal continua uma aldeia essencialmente agrícola. Apenas no século XIV se constituiu como freguesia, guardando muitos exemplos da convivência da ruralidade com os senhores da terra. Almeidas, Mendonças, Amarais, Rochas e Pessanhas eram algumas das famílias importantes de Granjal. Do seu património destacam-se a Igreja Matriz e a graciosa Capela de S. Miguel, com brasão na verga da porta principal. Ao lado, ergue-se a casa dos Cardosos, uma construção do século XIX, soalheira e imponente, que define um estilo de vida de uma família rica de gosto requintado. Habitação idêntica no estilo situa-se bem no centro da povoação. Ao lado sobressai o cruzeiro do Largo do Soito, datado de 1736, que prende pela sua elegância. No Cabo do Lugar, o bairro de construções tipicamente rurais, aprecia-se ainda a pequena Capela de Santo António, aberta em dias de procissão na aldeia. Do Cabo do Lugar, passando pela Quinta de Arrossaio até ao Paúl, em tempos laje comunitária onde a população secava e malhava os cereais, segue-se hoje por uma ligação larga e confortável em cubos de granito.
Informações Gerais
Coordenadas | 40°53'08.0"N 7°31'43.5"W |
População em 2011 | 272 |
Área | 16,84 km² |
Orago | Nossa Senhora Da Aparecida |
Locais a Visitar
. Cruzeiro do Largo do Soito |
. Igreja Matriz |
. Miradouro e Capela da Senhora da Aparecida |
. Capela de S. Miguel |
União de Freguesias de Fonte Arcada e Escurquela
Escrito por AdministratorFonte Arcada
Fonte Arcada deve o seu nome à fonte em arco ogival (sec. XIII ou XIV) que se encontra no sítio da Cova da Moura, e foi sede de concelho durante sete séculos. D. Sancha Vermuiz concedeu-lhe foral no ano de 1193 e estavam sob sua administração as freguesias de Freixinho, Ferreirim, Macieira, Escurquela, Chosendo e Vilar (hoje pertencente ao concelho de Moimenta da Beira). Por causa deste estatuto, a vila atingiu alto grau de prosperidade, como demonstram os seus solares medievais e os monumentos. Coutinhos e Gouveias foram algumas famílias ilustres que aqui se implantaram. Porém, foi no século XVII, quando Fonte Arcada tinha juiz, tabelião, escrivão, almotacés e sargento-mor de ordenanças, que surgiram os melhores solares: dos Condes da Azenha, dos Couraças e dos Brigadeiros, com terreiro murado e portão com escudo da família. A importância administrativa de Fonte Arcada está ainda hoje bem presente no Pelourinho, na Torre do Relógio, no cerro do Castelo e na Casa do Paço ou Casa da Loba (séc. XIII). A contrastar com a nobreza, o povo distribuía-se pelo casario típico em granito amarelado de boa cantaria, onde coexistem maciços balcões de pedra com bonitas varandas de madeira. No Largo do Rossio, os fontercadenses acorriam à Igreja Românica, do século XIII, que se desenvolve em planta longitudinal composta por nave, capela-mor, capelas laterais e sacristia. O culto é ainda hoje um marco de Fonte Arcada, sendo a sua festa, dedicada à Senhora da Saúde, a segunda maior romaria do concelho de Sernancelhe. Situado no miradouro de onde se avista o rio Távora, o Santuário está enquadrado num espaço composto por recinto de feira, parque de merendas e coreto. Para lá chegar sobe-se por uma calçada à portuguesa íngreme e escorregadia. A mesma calçada por onde os bois puxam os carros armados de andores em dia de festa e os Zés-pereiras fazem ecoar os seus tambores. Fonte Arcada e Escurquela formam hoje a União de Freguesias de Fonte Arcada e Escurquela.
Informações Gerais
Coordenadas | 40°57'55.7"N 7°31'16.4"W |
População em 2011 | 270 |
Área | 11,87 km² |
Orago | Nossa Senhora da Saude |
Locais a Visitar
Escurquela
Assente no retábulo paisagístico que assinala a transição formal da Beira para o Douro, Escurquela situa-se, como refere Abade Vasco Moreira, no livro Sernancelhe e Seu Alfoz, num pico de onde se “divisa um extenso panorama, limitado ao poente pelas linhas indecisas e vagas do Marão, ao sul pelo vulto da Serra da Estrela, esfumada sempre pela distância como se a envolvesse perpetuamente densa neblina” . É realmente impressionante a paisagem a partir deste ponto. Graças ao seu posicionamento, a aldeia serviu de esculca (vigia) ao Castelo de Sernancelhe, enviando sinais noturnos (facho a arder) sempre que o inimigo se aproximava. A importância histórica de Escurquela ficou comprovada quando, há alguns anos, ali foi descoberto um precioso machado neolítico. Uma ida ao Outeiro de Santiago é obrigatória. Diz a lenda que naquele rochedo saltava Santiago, com o seu cavalo, para acudir aos cristãos nas lutas contra os mouros. As marcas das ferraduras do seu cavalo terão ficado marcadas na rocha. Só pela paisagem vale a pena subir ao monte, onde existe a Capela de S. Tiago, igualmente repleta de tradições. Descendo até à povoação, entramos na Igreja Matriz de S. Domingos e apreciamos o tecto pintado no século XVIII. No adro encontra-se ainda a Casa dos Tenentes, a setecentista fonte de mergulho e um solar provinciano com um bonito brasão e capela. Igualmente bonito é o Cruzeiro de Templete com a imagem do Nosso Senhor dos Aflitos (sec.XVIII), erguido ao lado do adro. Escurquela, a freguesia mais distante da sede do concelho, é uma caixinha de surpresas. A paisagem, que reconforta de qualquer ponto de observação, acompanha-nos até Fonte Arcada, por entre vinhas e pomares, aproveitando os socalcos que a inclinação da encosta originou.
Informações Gerais
Coordenadas | 41°00'23.0"N 7°31'15.0"W |
População em 2011 | 138 |
Área | 8.47 km² |
Orago | São Domingos |
Locais a Visitar
União de Freguesias de Ferreirim e Macieira
Escrito por AdministratorFerreirim
Ferreirim é uma terra povoada de olivais e vinhas. O vale onde se posiciona é fértil e adaptado à agricultura, setor que ocupa grande percentagem da população. Já no tempo de D. Sancha Vermuiz, que deu foral a Fonte Arcada em 1193, Ferreirim, na altura freguesia daquele concelho, era a mais desenvolvida. Em 1855 ingressaria definitivamente no concelho de Sernancelhe, mas sem nunca perder o sentido comunitário dos seus habitantes, assim como os extensos terrenos, fundos e adequados à cultura de batata e milho. Hoje tende a abraçar o sector secundário, como exemplificam as pequenas indústrias de mármore, madeiras e produtos agrícolas situadas no Parque Empresarial do Picoto, mas preserva bons exemplos da preponderância de outros tempos. Por entre edifícios de traça requintada, antigos e brasonados, sobressai a Fonte Românica, classificada como Imóvel de Interesse Concelhio. O Santuário de Nossa Senhora da Consolação, de onde se desfruta uma vista privilegiada sobre a aldeia, é motivo de festa rija na aldeia no 3º domingo de agosto. A Igreja Matriz de Santo Estêvão, do século XVII, de granito amarelado e situada em lugar harmonioso, convida a uma visita. Existe ainda um Marco da Universidade de Coimbra, um Cruzeiro de Templete e várias alminhas que coexistem com desordenados muros de pedra. Mesmo no fundo da povoação descobrimos o conjunto escultórico que as mãos dos artistas do granito regionais criaram em homenagem aos 20 anos da Banda Musical 81 de Ferreirim. A antiga Escola Primária deu lugar ao moderno Conservatório Regional de Música de Ferreirim, contando com mais de duas dezenas de alunos, gerido pela Associação da Banda Musical 81. Ferreirim encabeça hoje a União de Freguesias de Ferreirim e Macieira.
Informações Gerais
Coordenadas | 40°56'41.0"N 7°29'46.4"W |
População em 2011 | 457 |
Área | 10.30 km² |
Orago | Sr.ª Consolação |
Locais a Visitar
. Rotunda dos Músicos - conjunto escultórico de homenagem à Banda Musical 81 |
. Igreja Matriz de Santo Estêvão |
. Santuário de Nossa Senhora da Consolação |
. Fonte Românica |
.Conservatório Regional de Música |
Macieira
É a Serra da Zebreira, a quase mil metros de altitude, que guarda no seu seio a pequena povoação de Macieira, terra de centeio e hoje de castanha. Foi ela quem, no tempo do Concelho de Fonte Arcada, serviu de pousio a diversas fortalezas, em volta das quais se terão travado importantes lutas entre cristãos e árabes. Macieira cativa pela singeleza do seu casario granítico, sombrio e pesado, voltado para os temporais de norte. As ruas são tortuosas e íngremes. Percorrendo-as descobrimos a arquitetura rural que tão bem caracteriza esta aldeia de gente laboriosa e humilde. Encontramos também duas fontes de água fresca e límpida de onde sobeja água em quantidade para formar um ribeiro, que é engrossado por outro, o Vidual, e se encontram no Távora, em Riodades. Perto deste curso de água a bonita imagem dos pombais torna-se mais real. São dois exemplares da economia local, que merecem ser salvaguardados e, quem sabe, aproveitados para fins turísticos. Os mais idosos, sempre disponíveis para dois dedos de conversa, não descuram as orações diárias na Igreja Matriz, dedicada a Nossa Senhora da Apresentação. O local onde está situada é deslumbrante, permitindo apreciar os limites da Beira e os princípios do Douro. Descendo algumas ruas, por entre casas povoadas de árvores de fruto e silvas derreadas de amoras, chegamos ao Solar e à Capela de S. Domingos, datados do século XVIII, um bonito exemplar da arquitetura nobre, hoje restaurado.
Informações Gerais
Coordenadas | 40°59'21.7"N 7°29'09.4"W |
População em 2011 | 124 |
Área | 11.79 km² |
Orago | Sr.ª de Fátima |
Locais a Visitar
. Igreja Matriz de Nossa Senhora da Apresentação |
. Solar e Capela de S. Domingos |
. Serra da Zebreira |
. Casario rural |
Faia
A Faia é, do grupo das aldeias ribeirinhas do Concelho, a que mais deve a sua história recente à vontade do homem em represar as águas do rio e delas retirar energia. Na década de 60, Faia teve de fugir das margens e deslocar toda a povoação para o monte. Debaixo de água ficaram os solos mais produtivos e o impressionante conjunto de sepulturas escavadas na rocha, que denunciam a antiguidade da aldeia. Hoje, o Centro Interpretativo da Aldeia da Faia promove essa visita pela memória dos habitantes locais, através de imagens, de vídeos, de utensílios e, como complemento, pode partir à descoberta da história no percurso pedestre criado junto ao Távora. A Igreja de São Martinho também não passou ao lado da construção da Barragem e teve de ser erguida no alto, fazendo-se rodear de pequenas habitações em granito que serviram de albergues aos funcionários da EDP que aí trabalharam. Passado o sobressalto, a população procurou novas parcelas para cultivar e construiu mais longe do leito do rio. Recente, mas também sinal do aproveitamento dos recursos naturais, é a Zona de Lazer e Recreio, bem enquadrada paisagisticamente. Mais longe das águas, num pequeno monte pejado de pinheiros e oliveiras, situa-se a Capela do Senhor da Aflição. É ela que olha pela Faia. A aldeia retribui com uma celebração em sua honra no terceiro domingo de Agosto. Na Quinta da Alagoa, hoje repleta de pomares, ainda se pode apreciar o local onde terá nascido a lenda do Rei Chiquito.
Informações Gerais
Coordenadas | 40°56'58.0"N 7°32'46.0"W |
População em 2011 | 207 |
Área | 3.27 km² |
Orago | Senhor da Aflição |
Locais a Visitar
. Centro Interpretativo Aldeia da Faia |
. Zona de Lazer |
. Necrópole |
. Capela do Sr. da Aflição |
. Igreja de S. Martinho |
Chosendo
Chosendo é uma aldeia pousada numa encosta rochosa, formada pelo cabeço de Santa Bárbara e a Cova da Moura, ramificando-se pela Serra da Zebreira. Chosendo orgulha-se de exibir as suas habitações tradicionais, as suas fontes, o conjunto de sepulturas antropomórficas e os vales onde se desenvolvem as culturas agrícolas. Motivo de veneração é a Santa Bárbara, hoje símbolo da aldeia, com santuário pousado em ponto alto da serra, de onde se avista um cenário de rara beleza.
Fecundado pelo Ribeiro de S. Miguel, que entra no Távora mais adiante, o vale começa no ponto mais alto da aldeia, de onde se avista a Serra da Estrela, o planalto da Lapa, Caria, Leomil e Borralheira. É de lá que a Capela de Santa Bárbara protege os habitantes locais das trovoadas. No centro da povoação de Chosendo encontramos a bonita igreja matriz dedicada a S. Miguel, rodeada de casas rústicas de cantaria enegrecida pelo tempo. O Senhor do Calvário, venerado no terceiro domingo de agosto, é o padroeiro de freguesia.
Informações Gerais
Coordenadas | 40°58'06.5"N 7°27'20.8"W |
População em 2011 | 254 |
Área | 10,72 km² |
Orago: | Sr. do Calvário |
Locais a Visitar
. Igreja de São Miguel |
. Capela de Santa Bárbara |
. Necrópole da Cova da Moura |
. Sepultura antropomórfica de S. Sebastião |
Mais ...
Cunha
Cunha é a aldeia típica da serra. Destaca-se pelo casario de traça humilde, mas admirável, construído com granito da região. Recortadas em plena serra do Pereiro, as habitações encaixam harmoniosamente na encosta e enriquecem uma zona muito produtiva e fértil, formada pelas colinas de Santo Estêvão a norte, Coitada a nascente, Cabeço do Roldão e Queimadas a sul. A paisagem, prenhe de soutos de castanheiros e eiras com palheiros, alguns pombais, denota a presença do homem e a sua acção na freguesia de Cunha, aldeia incapaz de apagar as marcas da Ordem de Malta, que aqui tinha uma das suas mais produtivas localidades. A Igreja Matriz de S. Fecundo, erguida bem no centro da povoação, ostenta talha do século XVIII e duas pinturas sobre tábua representando S. Francisco e Sto. António. O retábulo maneirista da capela de S. João Baptista é uma preciosidade, assim como as tábuas pintadas com S. Francisco e Sta. Catarina. As capelas de Santo Amaro e Santo Antão atraem muitos romeiros à aldeia, para pagamento de promessas. O Solar dos Amados, com uma bela capela dedicada a Nossa Senhora, encerra todo o historial de uma das famílias nobres da terra. A época medieva também está bem representada, com várias sepulturas antropomórficas encontradas no Chão das Vinhas e na Tapada do Poço.
Tabosa da Cunha
É a localidade anexa da Cunha, mas que nunca assim foi entendida pois a sua projeção e impeto coletivo é muito elogiado. Situa-se na colina do Monte Pereiro e é caracterizada pela impressionante inclinação das suas ruas, ficando o casario diposto em patamares. Uma dessas artérias conduz ao alto da serra. O mesmo alto onde se desenha a linha tortuosa e sombria do cume do Pereiro, admirando-se o serpentear da Ribeira da Tabosa lá ao fundo. O ponto em que o horizonte é o limite para a contemplação. A guardar este local está a solitária capelinha de Santo Estêvão, que é padroeira da localidade de Tabosa. A povoação homenageia em plena serra o seu padroeiro com festa rija. É uma localidade muito dinâmica e com forte sentido comunitário.
Informações Gerais
Coordenadas | 40°50'12.0"N 7°27'01.0"W |
População em 2011 | 310 |
Área | 19.16 km² |
Orago: | Santo Amaro |
Locais a Visitar
. Igreja Matriz de S. Fecundo - Cunha |
. Capela de S. João Baptista - Cunha |
. Solar dos Amaros - Cunha |
. Necrópole do Chão das Vinhas - Cunha |
. Lagareta das Cortinhas - Cunha |
. Capela de Santo Amaro - Tabosa da Cunha |
. Serra do Pereiro - Tabosa da Cunha |
Carregal
Carregal é berço de Aquilino Ribeiro. Terra dominada por uma paisagem repleta de verde, que quase oculta a nascente do Rio Aviasca, admiramos a localidade onde nasceu um dos maiores escritores do século XX. A casa lá está, por detrás do Pátio, que recebeu o nome do autor de “O Malhadinhas”. O pequeno núcleo urbano de Carregal guarda, religiosamente, a capelinha de Santo Amaro e a Igreja Matriz do Espírito Santo. Rodeada de velhos arciprestes, abre-nos as portas para que admiremos o seu interior em talha dourada e o requinte da sua construção. Ao lado sobressai o Pórtico dos Sanhudos, com brasão, por onde passamos rumo ao aglomerado de casas de pedra onde Aquilino nasceu. É uma construção humilde, típica de lavrador, tal como a descrição detalhada que o escritor faz em “Cinco Reis de Gente”. Carregal é aldeia plena de história e um exemplo de comunidade constituida por mais duas localidades: Aldeia de Santo Estêvão e Tabosa do Carregal.
Aldeia de Santo Estêvão.
As habitações de granito negro, envoltas numa paisagem típica de serra, pedregosa e agreste, mesclam-se com construções modernas, de planta importada. A própria Igreja, construída no século XX, nasceu da vontade do povo e empenho pessoal do então pároco da freguesia, Lucas Ribeiro, que esteve na comunidade durante mais de cinquenta anos. Os lameiros, os terrenos agrícolas e florestais, os pastos e as forragens abundam, sendo o leite e a pecuária garantias de casa farta e dinheiro na algibeira. A povoação exibe ainda a sua capelinha de Santa Quitéria, levantada no século XVIII, ao lado de um solar de 1745. A Capela de Santo Estêvão é outro exemplo da devoção do povo, que se uniu para a reedificar. A olhar para o lazer, Aldeia de Santo Estêvão aproveitou as águas que brotam da encosta da Serra da Lapa e represou-as na zona de lazer da Fonte Limpa, um espaço de convívio e de encontro das gentes da aldeia.
Tabosa do Carregal
É a terra do Convento de Nossa Senhora da Assunção e dos fálgaros. Fundado em 1690 por D. Maria Pereira, com o objectivo de abrigar monjas descalças ou recoletas que professassem as regras de S. Bento com devoção e piedade, foi o verdadeiro impulso ao crescimento da povoação de Tabosa. O granito é o elemento dominante em toda a construção e também nas habitações que o rodeiam. Imponente, o convento conheceu a ruína com a extinção das Ordens Religiosas, em 1834. A cerca desabou, assim como grande parte dos motivos mais interessantes do edifício. Escaparam a Torre do Mirante, o Pórtico e a Igreja que hoje é utilizada pelo povo para as normais cerimónias religiosas. Em 1850, à data da morte da última freira, e depois de uma história atribulada, o convento encerrou. Na povoação há capelas, uma fonte de mergulho e uma casa fidalga. Mas o que realmente sobressai do casario desta encosta pedregosa, fértil em urzes e sargaços, é o aroma dos fálgaros, a especialidade criada pela recolhidas do Convento de Nossa Senhora da Assunção à base de ovos, farinha e queijo. Merece a pena uma visita demorada à Tabosa, em especial ao Convento, hoje visitável e onde é possivel perceber toda a história e vivência daquele espaço religioso.
Informações Gerais
Coordenadas | 40°54'31.8"N 7°34'41.2"W |
População em 2011 | 393 |
Área | 19,73 km² |
Orago: Carregal | Santo Amaro |
Aldeia de Santo Estêvão | Santo Estêvão |
Tabosa do Carregal | São Brás |
Locais a Visitar
. Pátio Aquilino Ribeiro - Carregal |
. Igreja Matriz do Espírito Santo- Carregal |
. Capelinha de Santo Amaro - Carregal |
. Capela de Santa Quitéria - Aldeia Santo Estêvão |
. Capela de Santo Estêvão - Aldeia Santo Estêvão |
. Zona de Lazer da Fonte Limpa - Aldeia Santo Estêvão |
. Convento Nossa Senhora da Assunção - Tabosa |
. Igreja de Nossa Senhora da Assunção - Tabosa |
Arnas
Circundada por pedregosos cerros, com um riacho quase imperceptível a atravessá-la, Arnas é terra de história e monumentos, como testemunha o Castro de Murganho e a igreja seiscentista, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, que se levanta no cimo da aldeia. O teto impressiona por causa da pintura com uma invulgar iconografia: um dragão é ferido com um raio de fogo que lhe é atirado por um menino e que o faz estrebuchar de sofrimento. A gente das Arnas acredita no poder curativo da água que brota do rochedo contíguo à Capela de S. Pedro, à Conquinha, dizendo que faz bem às vistas. Nunca seca este nascente misterioso, em que a água passa de covinha em covinha em ritmo sincronizado. Tão misterioso como a Lapa da Moira, um gigantesco abrigo natural que os pastores utilizavam quando havia temporal. A vista a partir deste ponto é fantástica. A Serra revela-se por inteiro, o colorido do rosmaninho e da bela-luz transformam-se em aroma e as pedras formam um cenário mais parecendo ovelhas a pastar! Na aldeia sobressai, imponente e misteriosa a Coluna em granito, plantada junto à capela de S. João, que parece homenagear o arrojo dos homens que ousaram erguê-la e aqueles que por aqui enfrentam o frio dos rigorosos Invernos. Frio que espantam com as robustas lareiras construídas no interior das casas típicas de perfeitos blocos de granito amarelo.
Informações Gerais
Coordenadas | 40° 51' 40" N 7° 26' 16" O |
População em 2011 | 220 |
Área | 16,64 km² |
Orago | Nossa Senhora da Conceição |
Locais a Visitar
. Igreja de Nossa Senhora da Conceição |
. Capela de S. João |
. Capela de S. Pedro |
. Castro do Murganho |