Sernancelhe, a Vila cujas “raízes mergulham na seiva lusitana”

Património Sernancelhe“Cernancelhe foi, em tempos que lá vão, uma vila das mais antigas não só da Beira, mas de Portugal, e exerceu no passado alguma influência social e política na Região”. Poucas descrições teriam o condão de resumir, de forma tão definitiva, o patamar histórico a que chegou a Vila de Sernancelhe. Abade Vasco Moreira, o sernancelhense que assinou a primeira monografia do Concelho, em 1929, descreve Sernancelhe de forma apaixonada, revelando que, para além do primeiro foral obtido em 1124 (18 anos antes da Fundação da Nacionalidade Portuguesa), esta terra “vem de épocas mais remotas (…) julgo não me afastar da verdade, afirmando que as suas raízes mergulham na seiva lusitana”.

Dos tempos de Viriato não restam vestígios materiais e, quanto à certeza absoluta das origens do concelho que permitam estabelecer uma cronologia, é uma tarefa que nenhum historiógrafo arrisca. Nem quanto à origem do nome Sernancelhe. Uma hipótese é que durante uma investida árabe, o povo terá gritado ao valente cavaleiro cristão, de nome Celha, guardião do castelo, que fechasse a porta do castelo: “Cerra, Celha!” . Já o Foral de Egas Gozende fala em “Cernonceli”, enquanto no século X o termo parece apontar para “Seniorzelli”.

Os Romanos, que durante tanto tempo viram a sua invasão travada por ação dos bravos lusitanos, acabariam por assentar arraiais em Sernancelhe, no Monte Castelo (antigo castro, citânia dos lusitanos), ponto a partir de onde “estabeleceram uma cividade à qual aplicaram o regime agrário da vila”, refere o autor de “Terras da Beira – Cernancelhe e Seu alfoz”.

Terá sido aliás esse um momento marcante também na cultura e na formação da identidade do povo sernancelhense. Abade Vasco Moreira acredita que, com os romanos, Sernancelhe “assimilou a cultura latina que hoje possui” e, devido ao acentuado progresso agrícola que conheceu, foi nesta altura que apareceu o Concelho de Sernancelhe.

Com efeito, três momentos marcariam o Concelho. O primeiro, em 1124, quando o Conde D. Henrique deu o Concelho a Egas Gozende, “rico homem da sua corte, que lhe outorgou Carta de Foral” nesse mesmo ano. Depois, em 1400, D. João I fez senhor do Concelho de Sernancelhe Gonçalo Vaz Coutinho, como recompensa por ter derrotado os castelhanos. D. Afonso V, por carta de 20 de maio de 1470, assinada em Santarém, deu-o a D. Francisco Coutinho, Meirinho-mor do Reino. D. Miguel elevá-lo-ia a cabeça de condado e fez dele seu titular o médico Dr. Gama e Castro, ficando conhecido como o primeiro Visconde de Sernancelhe. A descrição feita a este período resume-se, no entender de Abade vasco Moreira, a uma certeza: “Cernancelhe chegou a ser uma das vilas mais ricas e notáveis da Beira. São prova disso a tradição, os seus monumentos e instituições, os seus ricos solares e casas brasonadas a até a sua influência política que irradiou por muito longe”.

Do passado de glória, Sernancelhe guarda um manancial de exemplares patrimoniais que ainda hoje são referência. Monsenhor Cândido Azevedo, no livro “Sernancelhe, Casa da Comenda”, editado pelo Município de Sernancelhe em 1999, descreve-os da seguinte forma: “(A Casa da Comanda) situada no Centro Histórico de Sernancelhe, e com a futura Biblioteca e o artístico e altaneiro pelourinho em frente; a admirada e invejada Igreja Medieval ao lado; o Palácio dos Carvalhos (Marquês de Pombal) a nascente; o Auditório Municipal – antigo Palácio dos Corteses e Câmara Municipal – a deslado; e as ruinas veneradas do Palácio dos Soverais ao norte: enquadra-se num raro conjunto de Monumentos cheios de grandeza e carregados de história e arte, que lhe dão um ambiente de superior encanto e um halo de carinho e pulcritude que transportam às regiões do sonho e aos páramos de felicidade”.

Do monte onde existiu o castro, depois o castelo, observa-se, ainda hoje, todo o quadro patrimonial que emoldura a Vila de Sernancelhe. O Adro, aglutinador de civilidade, foi a praça da vila até ao século XIX. Ao lado da Igreja, construída em finais do século XII, ergue-se na antiga Escola Primária o edifício da Biblioteca Municipal. Mais adiante, o Pelourinho, de alto fuste granítico, data de 1554 e é fronteiro à Casa da Câmara, da qual parece companheiro inseparável.

A Ordem de Malta, à qual se deve o período próspero do Concelho de Sernancelhe, exibe ainda a Casa onde durante anos notáveis freires e comendadores desenvolveram valorosas iniciativas em prol da comunidade. O trabalho da Ordem deixou marcas indeléveis em todo o Concelho.

TERRA DE MOSTEIROS

Sernancelhe é conhecido ainda como Terra de Mosteiros, por ter no seu território exemplares valiosos como os conventos de Mosteiro da Ribeira, Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora da Assunção.

Percorrendo os respeitáveis 220 quilómetros quadrados de área e as suas 17 freguesias, ficamos com real noção da evolução fantástica da história deste Concelho. Mais: só nesse momento perceberemos como foi a adaptação das gentes ao meio, a vontade em deixarem marcas, e em tornarem distintos lugares que nasceram do nada.

Tendo sempre como ponto de partida a paisagem, que harmoniosamente combina serras imponentes e baixios férteis e plenos de água, saltam à vista os sóbrios aglomerados de casinhas de traça rural, onde a par da casa de granito no primeiro piso, o rés-do-chão servia de albergue de animais. O cortelho tinha a função de cevar os porcos… o palhal armazenava o alimento dos animais… e cá fora, na quintã, pousavam as rudimentares “alfaias” para amanho da terra.

A forte ligação do concelho à agricultura, durante séculos, deixou muitas e profundas marcas. O povo dedicava-se a esta actividade como forma de sobreviver. Muitos trabalhavam para os senhorios, donos de muitas das casas que hoje sobressaem justamente por entre o casario rural. Por vezes com brasão, muitas vezes com uma dimensão muito superior àquilo que era o padrão, legaram-nos bonitos exemplares de uma arquitectura requintada e muito digna.

O mesmo se passou com o clero, que, ao longo de séculos, dotou as aldeias do nosso concelho de bonitos templos de oração e fé. Mais do que locais de culto, as igrejas são espelhos do tempo. Por isso umas são mais simples, outras mais vistosas. Por norma, quanto maior e mais distinta fosse a comunidade, mais imponente seria a igreja. Com efeito, há lindos templos em praticamente todas as aldeias, alguns servindo de cartão de visita a quem chega.

Nos montes sobranceiros às aldeias, o povo ergueu capelas singelas, rodeadas de árvores e água fresca, e que se tornaram motivo de romagem e procissão forte pelo menos uma vez ao ano. Não faltam alminhas, capelinhas, capelas particulares, vias-sacras, nichos e muitos motivos religiosos espalhados pelas nossas aldeias. Com mais de cinco séculos, o Santuário da Lapa é porta-estandarte do Concelho e um dos exemplos maiores da riqueza e imponência do nosso património religioso.

Devido ao facto de o Concelho ter conhecido, ao longo dos séculos, várias situações administrativas, surgiram casas da câmara, pelourinhos e outros marcos da preponderância de tempos antigos, em Vila da Ponte, Lapa, Fonte Arcada e Sernancelhe.
Tempos idos que se foram apagando com as gerações que foram desaparecendo. Para trás, e para nossa admiração, ficaram marcas indeléveis da capacidade dos nossos antepassados, que temos a obrigação de respeitar e preservar.

 

Sernancelhe, a Vila cujas “raízes mergulham na seiva lusitana”

“Cernancelhe foi, em tempos que lá vão, uma vila das mais antigas não só da Beira, mas de Portugal, e exerceu no passado alguma influência social e política na Região”. Poucas descrições teriam o condão de resumir, de forma tão definitiva, o patamar histórico a que chegou a Vila de Sernancelhe. Abade Vasco Moreira, o sernancelhense que assinou a primeira monografia do Concelho, em 1929, descreve Sernancelhe de forma apaixonada, revelando que, para além do primeiro foral obtido em 1124 (18 anos antes da Fundação da Nacionalidade Portuguesa), esta terra “vem de épocas mais remotas (…) julgo não me afastar da verdade, afirmando que as suas raízes mergulham na seiva lusitana”.

Dos tempos de Viriato não restam vestígios materiais e, quanto à certeza absoluta das origens do concelho que permitam estabelecer uma cronologia, é uma tarefa que nenhum historiógrafo arrisca. Nem quanto à origem do nome Sernancelhe. Uma hipótese é que durante uma investida árabe, o povo terá gritado ao valente cavaleiro cristão, de nome Celha, guardião do castelo, que fechasse a porta do castelo: “Cerra, Celha!” . Já o Foral de Egas Gozende fala em “Cernonceli”, enquanto no século X o termo parece apontar para “Seniorzelli”.

Os Romanos, que durante tanto tempo viram a sua invasão travada por ação dos bravos lusitanos, acabariam por assentar arraiais em Sernancelhe, no Monte Castelo (antigo castro, citânia dos lusitanos), ponto a partir de onde “estabeleceram uma cividade à qual aplicaram o regime agrário da vila”, refere o autor de “Terras da Beira – Cernancelhe e Seu alfoz”.

Terá sido aliás esse um momento marcante também na cultura e na formação da identidade do povo sernancelhense. Abade Vasco Moreira acredita que, com os romanos, Sernancelhe “assimilou a cultura latina que hoje possui” e, devido ao acentuado progresso agrícola que conheceu, foi nesta altura que apareceu o Concelho de Sernancelhe.

Com efeito, três momentos marcariam o Concelho. O primeiro, em 1124, quando o Conde D. Henrique deu o Concelho a Egas Gozende, “rico homem da sua corte, que lhe outorgou Carta de Foral” nesse mesmo ano. Depois, em 1400, D. João I fez senhor do Concelho de Sernancelhe Gonçalo Vaz Coutinho, como recompensa por ter derrotado os castelhanos. D. Afonso V, por carta de 20 de maio de 1470, assinada em Santarém, deu-o a D. Francisco Coutinho, Meirinho-mor do Reino. D. Miguel elevá-lo-ia a cabeça de condado e fez dele seu titular o médico Dr. Gama e Castro, ficando conhecido como o primeiro Visconde de Sernancelhe. A descrição feita a este período resume-se, no entender de Abade vasco Moreira, a uma certeza: “Cernancelhe chegou a ser uma das vilas mais ricas e notáveis da Beira. São prova disso a tradição, os seus monumentos e instituições, os seus ricos solares e casas brasonadas a até a sua influência política que irradiou por muito longe”.

Do passado de glória, Sernancelhe guarda um manancial de exemplares patrimoniais que ainda hoje são referência. Monsenhor Cândido Azevedo, no livro “Sernancelhe, Casa da Comenda”, editado pelo Município de Sernancelhe em 1999, descreve-os da seguinte forma: “(A Casa da Comanda) situada no Centro Histórico de Sernancelhe, e com a futura Biblioteca e o artístico e altaneiro pelourinho em frente; a admirada e invejada Igreja Medieval ao lado; o Palácio dos Carvalhos (Marquês de Pombal) a nascente; o Auditório Municipal – antigo Palácio dos Corteses e Câmara Municipal – a deslado; e as ruinas veneradas do Palácio dos Soverais ao norte: enquadra-se num raro conjunto de Monumentos cheios de grandeza e carregados de história e arte, que lhe dão um ambiente de superior encanto e um halo de carinho e pulcritude que transportam às regiões do sonho e aos páramos de felicidade”.

Do monte onde existiu o castro, depois o castelo, observa-se, ainda hoje, todo o quadro patrimonial que emoldura a Vila de Sernancelhe. O Adro, aglutinador de civilidade, foi a praça da vila até ao século XIX. Ao lado da Igreja, construída em finais do século XII, ergue-se na antiga Escola Primária o edifício da Biblioteca Municipal. Mais adiante, o Pelourinho, de alto fuste granítico, data de 1554 e é fronteiro à Casa da Câmara, da qual parece companheiro inseparável.

A Ordem de Malta, à qual se deve o período próspero do Concelho de Sernancelhe, exibe ainda a Casa onde durante anos notáveis freires e comendadores desenvolveram valorosas iniciativas em prol da comunidade. Recuperada para unidade hoteleira, a imponente habitação ostenta ainda o brasão onde se inscreve a data de 1611. Mais recente é o Auditório Municipal, o espaço onde têm lugar os acontecimentos culturais mais relevantes do concelho. O edifício desempenhou ao longo dos anos muitas funções cívicas, sendo as mais relevantes as de Câmara Municipal e Registo Civil.

A fidalguia deixou-nos exemplares como a Casa dos Condes da Lapa e Barões de Moçâmedes. O Solar dos Carvalhos, que desponta por detrás da Igreja, foi construído no século XVIII a partir dos materiais dominantes no concelho, como o granito, e encontra-se em admirável estado de conservação. Vasco Moreira descreve-o com justeza: “Ao norte, por detrás da Igreja, enfrentando espaço terreiro, destaca-se o Solar dos Carvalhos com sua capelinha que foi vinculada, hoje da ilustre família Lapa; e, ligadas a este, vemos as ruínas duma casa que foi do Marquês de Pombal, cobertas por gigantesco cipreste”.

Descendo a rua Dr. Oliveira Serrão, que conduz ao atual edifício dos Paços do Concelho, pode apreciar-se um conjunto de habitações com uma traça bem peculiar, hoje dedicadas essencialmente ao comércio tradicional. A rua é larga, ligeiramente inclinada, e leva-nos até à Escola de Trânsito, onde as crianças das instituições de ensino recebem os primeiros ensinamentos teóricos e práticos sobre prevenção rodoviária. Em frente, um portão de grandes proporções indicia que estamos a entrar no Centro de Artes, a casa dos artistas de Sernancelhe. Neste edifício funciona hoje a Loja Interativa do Turismo do Porto e Norte de Portugal. Mesmo ao lado, surge o Centro Infantil Casa da Criança, edifício moderno onde funciona uma creche e um jardim infantil, frontal ao Posto dos Correios, um exemplo da arquitetura do século XX português.

Em plena Avenida das Tílias decorre grande parte da atividade comercial da Vila. Resguardados pela frescura das copas de dezenas de árvores perfeitamente alinhadas, podemos aceder a instituições como a Unidade de Cuidados Continuados da Santa Casa da Misericórdia de Sernancelhe, a Escola Profissional de Sernancelhe, o Centro de Saúde, a Central de Camionagem ou o Parque da Feira. Mais ao lado fica a Piscina Municipal e o campo de ténis, na rua que termina com o Quartel dos Bombeiros e Centro de Saúde. Avista-se deste artéria, o Expo Salão, multiusos inaugurado em 2010 pelo Presidente da República Cavaco Silva.

Continuando pela avenida principal da Vila chegamos à Ponte do Rio. Recebe-nos a Capela de Nossa Senhora dos Prazeres, que sobressai no fabuloso enquadramento paisagístico. Descemos até à margem do rio e, percorrendo alguns metros, deparamo-nos com a Fonte de Mergulho de arcatura geminada, datada do século XVII. “O sítio da Ponte do Rio é um lugar poético, que um dia haverá de tornar-se talvez espaço de ecomuseu, com represa lembrando lavadeiras, a capela setecentista de elegante alpendre, a fonte de mergulho, o moinho de água e a ponte do Medreiro mais abaixo”, escreve Alberto Correia, em Sernancelhe – Roteiro Turístico, aludindo àquele local.

Continuando junto à margem do pequeno riacho chegamos à Praça Padre João Rodrigues. Construída na década de 90 pela autarquia, presta uma singela homenagem ao sernancelhense que escreveu a primeira gramática de japonês. Ao lado surge o Pavilhão Municipal e a Escola E.B. 2,3. A Praça de Jacou, a vila francesa com a qual Sernancelhe se geminou há mais de uma década, simboliza a união entre dois povos diferentes na língua mas iguais no desejo de trocar experiências culturais.

Varrida pelo vento de todos os lados, a Vila de Sernancelhe não esconde que se situa a 650 metros de altitude. Provavelmente razão pela qual o castanheiro é a árvore dominante em todo o território, fazendo da Vila a maior produtora de castanha do Concelho.

A Vila é abraçada pelo ribeiro do Medreiro, que desagua no Rio Távora já na Vila da Ponte. Mosteiro e Ponte do Abade são duas comunidades pertencentes à Vila de Sernancelhe. Em comum têm o facto de o Rio Távora banhar as margens de ambas.    

Conhecer a Vila de Sernancelhe implica subir ao miradouro de Nossa Senhora de Ao Pé da Cruz, de onde se admira a sede do concelho e se contempla boa parte do território do Concelho, com a albufeira do Távora em pano de fundo. Velha de séculos, como se constata pelo património arqueológico e arquitetónico; rodeada de soutos que a transformam em Terra da Castanha, assim é a vila, que é também sede de um concelho com mais de 220 quilómetros quadrados de área e 17 aldeias.

            Conhecido como Terra de Mosteiros, por ter no seu território exemplares valiosos como os conventos de Mosteiro da Ribeira, Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora da Assunção, Sernancelhe é um concelho que granjeou estatuto muito antes da fundação da nacionalidade portuguesa, pois já em 1124 tinha foral.

Percorrendo os respeitáveis 220 quilómetros quadrados de área e as suas 17 freguesias, ficamos com real noção da evolução fantástica da história deste Concelho. Mais: só nesse momento perceberemos como foi a adaptação das gentes ao meio, a vontade em deixarem marcas, e em tornarem distintos lugares que nasceram do nada.

Tendo sempre como ponto de partida a paisagem, que harmoniosamente combina serras imponentes e baixios férteis e plenos de água, saltam à vista os sóbrios aglomerados de casinhas de traça rural, onde a par da casa de granito no primeiro piso, o rés-do-chão servia de albergue de animais. O cortelho tinha a função de cevar os porcos… o palhal armazenava o alimento dos animais… e cá fora, na quintã, pousavam as rudimentares “alfaias” para amanho da terra.

A forte ligação do concelho à agricultura, durante séculos, deixou muitas e profundas marcas. O povo dedicava-se a esta actividade como forma de sobreviver. Muitos trabalhavam para os senhorios, donos de muitas das casas que hoje sobressaem justamente por entre o casario rural. Por vezes com brasão, muitas vezes com uma dimensão muito superior àquilo que era o padrão, legaram-nos bonitos exemplares de uma arquitectura requintada e muito digna.

O mesmo se passou com o clero, que, ao longo de séculos, dotou as aldeias do nosso concelho de bonitos templos de oração e fé. Mais do que locais de culto, as igrejas são espelhos do tempo. Por isso umas são mais simples, outras mais vistosas. Por norma, quanto maior e mais distinta fosse a comunidade, mais imponente seria a igreja. Com efeito, há lindos templos em praticamente todas as aldeias, alguns servindo de cartão de visita a quem chega.

Nos montes sobranceiros às aldeias, o povo ergueu capelas singelas, rodeadas de árvores e água fresca, e que se tornaram motivo de romagem e procissão forte pelo menos uma vez ao ano. Não faltam alminhas, capelinhas, capelas particulares, vias-sacras, nichos e muitos motivos religiosos espalhados pelas nossas aldeias. Com mais de cinco séculos, o Santuário da Lapa é porta-estandarte do Concelho e um dos exemplos maiores da riqueza e imponência do nosso património religioso.

Devido ao facto de o Concelho ter conhecido, ao longo dos séculos, várias situações administrativas, surgiram casas da câmara, pelourinhos e outros marcos da preponderância de tempos antigos, em Vila da Ponte, Lapa, Fonte Arcada e Sernancelhe.

Tempos idos que se foram apagando com as gerações que foram desaparecendo. Para trás, e para nossa admiração, ficaram marcas indeléveis da capacidade dos nossos antepassados, que temos a obrigação de respeitar e preservar.

hecido como Terra de Mosteiros, por ter no seu território exemplares valiosos como o Convento de Mosteiro da Ribeira, Nossa Senhora do Carmo e Nossa Senhora da Assunção, Sernancelhe é um concelho que granjeou estatuto muito antes da fundação da nacionalidade portuguesa, pois já em 1124 tinha foral.

Apenas percorrendo os respeitáveis 220 quilómetros quadrados de área e as suas 17 freguesias, ficamos com real noção da evolução fantástica da nossa história. Mais: só nesse momento perceberemos como foi a adaptação das gentes ao meio, a vontade em deixarem marcas e em tornarem distintos lugares que nasceram do nada.

Tendo sempre como ponto de partida a paisagem, que harmoniosamente combina serras imponentes e baixios férteis e plenos de água, saltam à vista os sóbrios aglomerados de casinhas de traça rural, onde a par da casa de granito no primeiro piso, o rés-do-chão foi albergue de animais. O cortelho servia para cevar os porcos… o palhal para armazenar o alimento dos animais… e cá fora, na quintã, ainda restam algumas “alfaias” para amanhar a terra.

A forte ligação do concelho à agricultura, durante séculos, deixou marcas. O povo dedicava-se a esta actividade como forma de sobreviver. Muitos trabalhavam para os senhorios, dons de muitas das casas que hoje sobressaem justamente por entre esse casario rural. Por vezes com brasão, muitas vezes com uma dimensão muito superior àquilo que era o padrão, legaram-nos bonitos exemplares de uma arquitectura valiosa.

O mesmo se passou com o clero, que, ao longo de séculos, dotou as aldeias do nosso concelho de bonitos templos de oração e fé. Mais do que locais de culto, as igrejas reflectem os tempos. Por isso umas são mais simples, outras mais pobres. Por norma, quanto maior e mais distinta fosse a comunidade, mais imponente seria a igreja.

Nos montes sobranceiros às aldeias, o povo ergueu capelas singelas, rodeadas de árvores e água fresca, e que se tornaram motivo de romagem e procissão forte pelo menos uma vez ao ano. Não faltam alminhas, capelinhas, capelas particulares, vias-sacras, nichos e muitos motivos religiosos espalhados pelas nossas aldeias. Com mais de cinco séculos, o Santuário da Lapa é porta-estandarte do Concelho e um dos exemplos maiores da riqueza e imponência do nosso património religioso.

Devido ao facto de o Concelho ter conhecido várias situações administrativas, surgiram casas da câmara, pelourinhos e outros marcos da preponderância de tempos antigos, em Vila da Ponte, Lapa, Fonte Arcada e Sernancelhe.

Tempos idos que se foram apagando com as gerações que foram desaparecendo. Para trás, e para nossa admiração, ficaram marcas indeléveis da capacidade dos nossos antepassados, que temos a obrigação de respeitar e preservar.

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