quarta-feira, 13 janeiro 2010 17:31

União de Freguesias de Sernancelhe e Sarzeda

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Sernancelhe

 Vila de Sernancelhe

Varrida pelo vento de todos os lados, a Vila de Sernancelhe não esconde que se situa a 650 metros de altitude. No baixio é abraçada pelos rios Távora e Medreiro, que refrescam as margens, fertilizam os campos e irrigam as culturas. Nas encostas florescem quintas de pomares e vinhas, campos de batatas e milho… culturas que foram, em tempos, símbolo de um concelho farto e rico. Tão rico e diverso que a Vila acabaria por ter um passado grandioso, como se constata pelo número e proporções dos seus edifícios. A época medieval também marcou Sernancelhe, deixando na sua igreja e nas sepulturas antropormóficas que a circundam um cartão de visita para a eternidade. O ponto mais alto é o Monte Castelo. Foi por detrás da Porta do Sol que terão sido dados os primeiros passos para edificar um concelho que é anterior à fundação da nacionalidade. Depois de subirmos o escadario que conduz à Santinha, podemos olhar a esplêndida paisagem que desafia a linha do horizonte. Recriando um misto de vale e montanha, são os castanheiros que mais contribuem para o colorido da encosta do Monte da Senhora de Ao Pé da Cruz, a padroeira da Vila, com festa marcada para o três de maio. Com efeito, é também a partir do Monte Castelo que se desenha sobre a Vila um mapa de contornos bem definidos. O Adro, aglutinador de civilidade, foi a praça da vila até ao século XIX. Ao lado da Igreja, construída em finais do século XII, ergue-se na antiga Escola Primária o edifício da Biblioteca Municipal. Mais adiante, o Pelourinho, de alto fuste granítico, data de 1554 e é fronteiro à Casa da Câmara, da qual parece companheiro inseparável. O Museu Padre Cândido guarda hoje os vestígios arqueológicos que explicam esta terra, bem como a paramentaria religiosa pertença da Igreja de Sernancelhe. A Ordem de Malta, à qual se deve o período próspero do Concelho de Sernancelhe, exibe ainda a Casa onde durante anos notáveis freires e comendadores desenvolveram valorosas iniciativas em prol da comunidade. Recuperada para unidade hoteleira, a imponente mas sóbria habitação ostenta ainda o brasão onde se inscreve a data de 1611. Mais recente é o Auditório Municipal, o espaço onde têm lugar os acontecimentos culturais mais relevantes do concelho. Este edifício desempenhou ao longo dos anos muitas funções cívicas, sendo as mais relevantes as de Câmara Municipal e Registo Civil. A fidalguia deixou-nos exemplares como a Casa dos Condes da Lapa e Barões de Moçâmedes. O Solar dos Carvalhos, que desponta por detrás da Igreja, foi construído no século XVIII a partir dos materiais dominantes no concelho, como o granito, e encontra-se em admirável estado de conservação. Descendo pela rua Oliveira Serrão, que conduz ao actual edifício dos Paços do Concelho, pode apreciar um conjunto de habitações com um traça bem peculiar, hoje dedicadas essencialmente ao comércio tradicional. A rua é larga, ligeiramente inclinada, e leva-nos até à Escola de Trânsito, onde as crianças recebem os primeiros ensinamentos teóricos e práticos sobre prevenção rodoviária. Em frente, um portão de grandes proporções indicia que estamos a entrar no Centro de Artes, onde se situa também a Loja Interativa de Turismo. Mesmo ao lado surge o Centro Infantil, o edifício moderno onde funciona uma creche e um jardim infantil. Em plena Avenida das Tílias decorre grande parte da atividade comercial da Vila, amirando-se, no local onde exisitiu o antigo hospital, a moderna Unidade de Cuidados Continuados de Sernancelhe, edifício da Santa Casa da Misericórdia. Resguardadas pela frescura das copas de dezenas de árvores, podemos aceder a instituições como a Escola Profissional de Sernancelhe, o Centro de Saúde, a Central de Camionagem ou o Parque da Feira. Mais ao lado fica a Piscina Municipal e o campo de ténis. Continuando pela avenida principal da Vila chegamos à Ponte do Rio. Recebe-nos a Capela de Nossa Senhora dos Prazeres, que sobressai no fabuloso enquadramento paisagístico. Descemos até à margem do rio e, percorrendo alguns metros, deparamo-nos com a Fonte de Mergulho de arcatura geminada, datada do século XVII. “O sítio da Ponte do Rio é um lugar poético, que um dia haverá de tornar-se talvez espaço de ecomuseu, com represa lembrando lavadeiras, a capela setecentista de elegante alpendre, a fonte de mergulho, o moinho de água e a ponte do Medreiro mais abaixo”, escreve Alberto Correia, aludindo àquele local. Bem perto deste ponto, destaque para o Expo Salão Sernancelhe, um espaço de referência regional no que à promoção e valorização dos produtos e produtores locais diz respeito. Continuando junto à margem do pequeno riacho chegamos à Praça Padre João Rodrigues. Construída na década de 90 pela autarquia, presta uma singela homenagem ao ilustre sernancelhense que escreveu a primeira gramática de japonês. Ao lado surge o Pavilhão Municipal e a Escola E.B. 2,3. A Praça de Jacou, vila francesa com a qual Sernancelhe se geminou, simboliza a união entre dois povos diferentes na língua mas iguais no desejo de trocar experiências culturais. Por forma da Reorganização Administrativa do Território das freguesias, em 2013, alterou-se a designação da Freguesia, sendo hoje União de Freguesias de Sernancelhe e Sarzeda, incluindo as localidades de Ponte do Abade, Mosteiro e Seixo.

 

 

Ponte do Abade

Ponte do Abade - União de Freguesias de Sernancelhe e Sarzeda

Nesta povoação, anexa da freguesia de Sernancelhe, é a ponte românica que une e que separa tudo. Une a povoação e os habitantes, mas ergue uma fronteira administrativa que redunda na pertença a duas freguesias, dois concelhos, dois distritos, duas paróquias, dois bispados… tudo por causa do rio atravessar a aldeia, tudo por causa da ponte de dois arcos levantada sobre o Távora! Do património religioso consta a capela dedicada a Nossa Senhora do Amparo, uma construção recente, mas que é motivo de grande movimentação religiosa. Porque Ponte do Abade é atravessada por uma estrada nacional, cedo se transformou em albergaria. A aldeia ficaria conhecida pelo seu requinte gastronómico, como é o caso do bacalhau à Ponte do Abade, regado com azeite da região e acompanhado pelo estaladiço pão, cozido nas padarias da terra. As migas de bacalhau ou a sopa da pedra trazem à memória a arte culinária de muitos filhos desta povoação. Os peixinhos do rio em molho de escabeche, assim como as trutas pescadas no Távora, também constam da ementa local.

 

 

Mosteiro da Ribeira

Mosteiro da Ribeira - União de Freguesias de Sernancelhe e Sarzeda

Situado na margem direita do Távora, este povoado distribui-se pelo casario que nasceu à sombra do velho Mosteiro, construído no século XV, para frades de S. Francisco e que, no século seguinte, passou para freiras da mesma ordem religiosa. O Mosteiro é o símbolo da povoação e um dos mais belos exemplares da arquitetura religiosa do concelho de Sernancelhe, conhecido como “Terra de Mosteiros” devido ao número e importância das suas edificações. A igreja, recentemente recuperada, enriquece o conjunto e ostenta um belíssimo altar-mor de talha de finais do século XVII. O teto tem pinturas com monjas santas e outros santos populares. No interior da cerca do Mosteiro há uma série de pequenas capelas, uma fonte de água e um reservatório que permitia o abastecimento ao edifício e era usado para rega de culturas. Dizia Abade Vasco Moreira, no livro “Terras da Beira – Sernancelhe e Seu Algoz”, a propósito de Mosteiro da Ribeira: é um “Vale tão gracioso que só devia ser habitado, depois das monjas, pelos poetas”.

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