Secretário de Estado da Administração Local assinalou, com o povo da Faia, 50º aniversário da construção da Barragem

Secretário de Estado da Administração Local assinalou, com o povo da Faia, 50º aniversário da construção da Barragem

A aldeia da Faia, a primeira do País a ficar submersa pela construção de uma barragem, assinalou, no dia 26 de abril, o 50º aniversário de um momento que ficou gravado na histórica e na memória de todos os faienses. A efeméride foi comemorada pelos municípios de Sernancelhe, Moimenta da Beira e Tabuaço e contou com a presença do Secretário de Estado da Administração Local, António Leitão Amaro.

Numa tarde de chuva, mais de duas centenas de pessoas aguardavam, ao lado do Centro Interpretativo da Aldeia da Faia, a chegada do governante que acedeu a um programa distribuído pelos três concelhos. Tabuaço em primeiro lugar, Sernancelhe logo depois e, por fim, Moimenta da Beira. Nas freguesias umbilicalmente ligadas à barragem (Távora, Faia e Vilar) foram cumpridos momentos simbólicos que ficarão para a posteridade.

A Faia, tal como em 1965, mobilizou-se para o momento, tendo aplaudido o Secretário de Estado no momento em que este descerrou, com o Presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe, Carlos Silva Santiago, a placa comemorativa do 50º aniversário da Barragem.

Numa rápida visita pelo Centro Interpretativo, assistiu ao filme da RTP que registou a cerimónia de inauguração, em 1965, pelo então Presidente da República Américo Tomás. Visitou ainda a exposição "Barragem do Vilar – A Obra" e dirigiu-se, logo depois, para as instalações da Junta de Freguesia de Faia, onde decorreram as intervenções.

Carlos Teles, Presidente da Junta, abriu a sessão, seguindo-se o Presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe, Carlos Silva Santiago, e, por fim, o Secretário de Estado, Leitão Amaro, que referiu que o momento desta comemoração é a "justiça histórica de homenagear o povo da Faia que deu a sua terra para o progresso do País"

Por fim, e com a música ambiente pela Academia de Música da Faia, foi servido um beberete aquiliniano pelos alunos da Escola Profissional de Sernancelhe.

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Discurso do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe, Carlos Silva Santiago, a propósito do 50º Aniversário da Construção da Barragem do Vilar
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"Dou as boas vindas a todos, e permitam-me, desde já, alguns agradecimentos especiais:

- Ao Senhor Secretário de Estado da Administração Local, Dr. Leitão Amaro, por nos distinguir com a sua presença, um sinal do quanto o Governo de Portugal valoriza os momentos importantes para as nossas populações e reconhece a história das nossas terras.

- Aos senhores presidentes de camara municipal de Moimenta da Beira e Tabuaço, que partilham geograficamente a Barragem do Vilar com Sernancelhe, o meu muito obrigado por se empenharem nesta celebração e por manterem viva a memória das nossas aldeias.

- Queria agradecer também ao Senhor Presidente da Junta de Freguesia da Faia, Sr. Carlos Teles, pelo entusiasmo em assinalar os 50 anos da construção da Barragem.

- Uma palavra especial à direção do Centro Interpretativo Aldeia da Faia pelo trabalho que tem desenvolvido na promoção da história deste lugar, ao mostrar a Faia do antes e do depois da barragem, um trabalho que tem ainda conseguido fomentar uma relação muito próxima com a população.

Minhas senhoras e meus senhores,

Assinalamos hoje meio século de história.

No ano de 1965, há precisamente cinquenta anos, foi empreendida pelo Estado Novo, no território dos concelhos de Moimenta da Beira, Sernancelhe e Tabuaço, a construção da Barragem do Vilar.

Considerada uma obra de grandes dimensões para a época, era vista como inovadora, carregando em si mensagens de esperança, de progresso e de prosperidade.

A Barragem viria a ser inaugurada no dia 29 de abril de 1965 pelo então Presidente da República Portuguesa Américo Tomás, precisamente no paredão, onde hoje colocámos simbolicamente uma placa.

O progresso prometido chegou em 1965 sob a forma de pesadelo para a aldeia da Faia.

Submersa pela água do Távora, foi obrigada a reerguer-se num dos pontos mais altos, precisamente onde hoje se encontra.

Pedra a pedra, os faienses deram um exemplo de determinação e luta que hoje reconhecemos e enaltecemos, porque percebemos o quanto terá sido difícil pela escassez de meios e porque ficaram sem casas, sem terrenos, sem bens e, na altura, sem esperança.

Em vez de deixarem que a revolta se apoderasse das suas vidas, seguiram em frente e construíram uma aldeia nova, uma aldeia à beira rio, com uma paisagem de rara beleza e um potencial turístico inquestionável.

Como se não bastasse esta postura firme das gentes da Faia, ousaram perpetuar as suas memórias com a construção, em 2013 (através de uma candidatura da responsabilidade da Associação Beira Douro e apoio do Município de Sernancelhe), do Centro Interpretativo Aldeia da Faia.

É um espaço que reúne, no mesmo local, exposições e atividades dinâmicas, dando a conhecer aos visitantes a Faia desaparecida e a nova Aldeia da Faia, a primeira aldeia de Portugal submersa pela construção de uma barragem.

Minhas senhoras e meus senhores,

A construção da Barragem teve outra curiosidade interessante e que perdurou no tempo: uniu, no mesmo propósito, várias freguesias e três municípios.

Na freguesia de Vilar, Concelho de Moimenta da Beira, seria construído o paredão da barragem;

Na freguesia de Távora, Concelho de Tabuaço, foram colocadas as turbinas para produção de energia;

Em Freixinho, Penso, Fonte Arcada e Faia, freguesias do Concelho de Sernancelhe, a água submergiu as melhores parcelas de cultivo, deixando marcas que demoraram anos a sanar.

Hoje, estes mesmos três concelhos partilham da barragem para abastecimento de água às suas populações, para a preservação florestal e para a agricultura.

Os mesmos municípios olham hoje para a Albufeira como pólo turístico, como fator de progresso e distinção.

Décadas de adaptação asseguraram que as populações passassem a conviver com a Barragem como elemento presente e mesmo motivo de visitação, tendo colocado em evidência o Rio Távora e as suas margens, revelando os espaços de grande apetência turística.

Por isso, e porque decorridos 50 anos, as memórias do antes e do depois da obra permanecem nas pessoas, consideramos o dia de hoje muito importante para mostrarmos que valorizamos as nossas origens e admiramos o nosso passado.

Por isso quisemos que o programa dos cinquenta anos da Barragem do Vilar privilegiasse as freguesias e os três concelhos e, em especial, fosse uma homenagem às populações destas comunidades.

Foi por este motivo, senhor Secretário de Estado, Dr. Leitão Amaro, que quisemos que V. Exa. participasse neste momento que envolve três municípios e um conjunto de freguesias.

Conheço o senhor Secretário de Estado há muitos anos.

Conheço as suas origens e sei o quanto se prepara e dedica para que o poder local se torne cada vez mais autónomo e mais capaz.

Mas, permita-me esta minha ousadia pelo facto de frisar que conheço muito bem as suas origens.

Sei o prazer que tem em estar junto do povo humilde português.

Fizemo-lo porque sabemos que é oriundo deste interior de Portugal, do nosso distrito de Viseu, viveu e vive os problemas da nossa região com uma intensidade redobrava, conhece hoje como ninguém o progresso deste interior bem estruturado, e talvez por isso sentimos que após o nosso convite para esta cerimónia, V. Exa. respondeu de imediato e positivamente.

Muito obrigado".


 

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