Ferreirim mantém viva a tradição do Ramo da Oliveira

Ferreirim mantém viva a tradição do Ramo da Oliveira

Joaquim Moreira Lopes, autor do livro “Do Peitoril da Minha Janela”, editado em 1973, descreve Ferreirim como “Terra farta e progressiva”, detentora de “extensos terrenos fundos adequados à cultura da batata, milho e trigo e boas encostas onde a oliveira, a vinha e as fruteiras se desenvolvem com justificada compensação”. Quase meio século depois deste registo, Ferreirim mantém o seu sentido agrícola, sendo a oliveira e o azeite cultura de referência e base de sustento económico das famílias da aldeia. Razão pela qual, há dois anos, a União de Freguesias de Ferreirim e Macieira decidiu recuperar a tradição do Ramo de Oliveira, associando-lhe um ritual que inclui cortejo pelas ruas da aldeia, cânticos, animação e uma festa plena de autenticidade.

Depois da apanha da azeitona e do azeite feito, Ferreirim guardou para 31 de janeiro o dia de festejar o Ramo de Oliveira. Uma tarde a ameaçar chuva, fria, muito semelhante aos dias duros da vareja da azeitona, foi o momento ideal para celebrar este fruto de que Ferreirim muito se orgulha.

A união de freguesias de Ferreirim e Macieira tratou da logística, “a Senhora Teresinha fez o ramo e todo o povo cantou e desfilou pelas principais ruas da freguesia. Paragem obrigatória no Lar do Sagrado Coração de Jesus, para matar saudades e levar um pouco de alegria”, explicou Jaime Ferreira, Presidente da União de Freguesias e um dos grandes responsáveis pelo renascimento desta tradição, esquecida há mais de 30 anos.

Apesar de ser escassa a informação sobre este ritual do Ramo da Oliveira, Jaime Ferreira acredita, tendo por base relatos de pessoas mais velhas da freguesia, tratar-se de um ato normal entre os grupos de trabalhadores que vinham de outras regiões para Ferreirim participar na vareja da azeitona.

De qualquer forma, o ramo de oliveira tem uma carga simbólica ainda muito enraizada nas celebrações religiosas do Domingo de Ramos, sendo nesse dia benzidos os ramos, que depois guardam-se em casa durante todo o ano.

A importância do Ramo de Oliveira é um ritual que Ferreirim quer manter. Em ambiente de festa, numa cerimónia muito simples, as gentes da aldeia agradecem a bênção da natureza ao dar o azeite, perpetuando uma tradição que define a identidade da terra. Até gastronomicamente Ferreirim mantém o bacalhau frito com ovos e o vinho das cepas que preenchem a encosta da aldeia.


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