Ciclo de eventos comemorativos do Centenário das “Terras do Demo” culmina com exposição inédita sobre Aquilino Ribeiro na Universidade de Aveiro

Ciclo de eventos comemorativos do Centenário das “Terras do Demo” culmina com exposição inédita sobre Aquilino Ribeiro na Universidade de Aveiro

Pela primeira vez na história dos municípios de Sernancelhe, Moimenta da Beira e Vila Nova de Paiva, os legítimos guardiões das Terras do Demo, o legado histórico, cultural e identitário de Aquilino Ribeiro foi celebrado com dezenas de iniciativas, em vários pontos do País. A última ação calendarizada foi formalmente apresentada, na tarde de 14 de junho, na Universidade de Aveiro, com uma exposição inédita, imponente, e que desvenda a dimensão literária do Mestre das Letras Portuguesas. O acervo pessoal de Paulo Neto, Diretor da Revista “aquilino”, com mais de 350 objetos, entre bibliografia ativa, passiva, revistas e jornais, medalhas e muitas curiosidades, estará patente na Sala Hélène de Beauvoir até 17 de julho, naquela que é reconhecida como uma das maiores exposições jamais dedicadas a Aquilino.

“Aquilino no Campus de Santiago” é o título da exposição, que faz coincidir factos históricos, como as viagens dos almocreves das Terras do Demo até Aveiro, e a obra de Aquilino “Estrada de Santiago” com a localização da Universidade de Aveiro, precisamente no Campo de Santiago.
Por outro lado, homenagear Aquilino Ribeiro neste ano tão especial tinha de o trazer de volta à Academia, ao lugar onde se estuda e onde se investiga. E a Universidade de Aveiro tem sido um bom exemplo de incentivo ao estudo da obra do escritor, que durante vários anos manteve uma parceria ativa com o Município de Sernancelhe e com as Terras do Demo, de que resultou a edição de vários livros.

Por isso, os autarcas foram quanto ao alcance da exposição de Paulo Neto, patenteando um território, um autor e um potencial literário que extravasa as fronteiras das Terras do Demo. É, no entender dos presidentes dos municípios, uma obrigação trazer Aquilino de volta às escolas e às universidades, para que o leiam, estudem e valorizem.

Para que este propósito se cumpra, as Terras do Demo têm no Reitor da Universidade de Aveiro, Paulo Ferreira, um apoiante de peso, que ainda para mais é profundo admirador e conhecedor da obra de Aquilino, sendo memoráveis as suas palavras na abertura desta exposição, recolhidas pelo microfone de Paulo Neto: “Obrigado por terem tornado realidade uma exposição desta natureza. Obrigado a quem a detém, o dr. Paulo Neto, que é um conhecedor profundo da obra de Aquilino Ribeiro e tem uma coleção extraordinária, como já pudemos todos ver. Obrigado a quem teve a iniciativa de a organizar e de a tornar realidade, porque às vezes não basta ter, é preciso fazer acontecer. Professora Maria Eugénia muito obrigado e muito obrigado aos autarcas das três câmaras aqui representadas, Moimenta da Beira, Sernancelhe e Vila Nova de Paiva. Muito obrigado pela colaboração e pela presença que é simbólica e importantíssima. Para mim, pessoalmente, é um agrado enorme falar e estar perto de livros de Aquilino, um dos autores de quem mais gosto. Foi um autor que eu cresci a ler, aos poucos, e hoje estar aqui, reencontrar estas capas e estes livros é um enorme prazer. Não vou falar muito porque me comovo facilmente se entrar no detalhe do que há quarenta anos tirei de satisfação ao ler estes livros, tomando contacto com este autor e vivendo as histórias que ele nos conta, desde a raposeta pintalagreta, do Romance da Raposa às descrições de Terras do Demo, ao Teotónio Louvadeus personagem notável que tanto tem a ver com o próprio Aquilino, de Quando os Lobos Uivam, livro proibido – e tão bem se percebendo porque era proibido – um livro subversivo, tido e encarado, em certa medida, como um apelo à violência, pois o Teotónio Louvadeus pega fogo à Serra dos Milhafres, sendo um incendiário não só de ideias mas também de atos, um individualista que tinha um lobo que sabia ler e se chamava Estudante, porque o achava um aprendiz das manhas dos homens. Este tipo de personagens e de cores, a mim que não sou especialista, mas um fã, deixou marcas que não se apagam com o tempo, antes pelo contrário se avivam. É um privilégio para a Universidade de Aveiro acolher aqui uma obra e uma exposição tão representativa de um autor que é tão importante e para o qual, genericamente, em Portugal, neste século XXI, não se tem dado, quiçá, a importância que ele merece. Obrigado a todos que fizeram acontecer esta exposição, que nos vai enriquecer, apreciando-a.”

Estiveram presentes no momento da inauguração, coordenada pela Biblioteca da UA, o Reitor, Paulo Ferreira, a coordenadora do Departamento de Línguas, Literaturas e Culturas, Maria Teresa Cortez, a diretora da Biblioteca Ana Cristina Justino, Maria Eugénia Pereira, coorganizadora e docente do DLC, João Torrão coordenador do DLC, Nuno Rosmaninho, vice-coordenador do DLLC, o presidente da Câmara Municipal de Moimenta da Beira, José Eduardo Ferreira, o presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe, Carlos Silva Santiago, a vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Vila Nova de Paiva, Delfina Gomes, bem como o vice-presidente do Município de Sernancelhe, Carlos Santos, o vereador da Cultura, Armando Mateus, a presidente do Agrupamento de Escolas de Sernancelhe, Fátima Cruz, a diretora da ESPROSER, Ana Chaves, e a bibliotecária do Agrupamento de Escolas de Sernancelhe, Emília Pires.

Até dia 17 de julho, na Sala Hélène de Beauvoir, poderá visitar Aquilino no Campus de Santiago. Na exposição poderá fazer uma viagem muito rica pela vida e obra de Aquilino Ribeiro, conhecendo a sua intensa produção literária, as colaborações que mantinha com jornais e revistas, os projetos mais recentes que têm sido desenvolvidos em torno do seu legado, como a Revista Literária “aquilino”, ou mesmo o projeto recente do Agrupamento de Escolas de Sernancelhe “Havia três dias e três noites… e depois”, da autoria dos alunos do 1º, 2º e 3º ciclos, inspirada no “Romance da Raposa”.


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