Sernancelhe celebrou os sabores da tradição com o Festival de Sopas

Sernancelhe celebrou os sabores da tradição com o Festival de Sopas

Uma terra com memória é uma terra que sabe celebrar a sua história. A frase, cujo sentido ninguém contesta, aplica-se por inteiro ao fim de semana de Festival de Sopas e Encontro de Ranchos que decorreu em Sernancelhe, nos dias 15, 16 e 17 de fevereiro. É descrito como um evento que mergulha na autenticidade do seu povo, socorre-se dos conhecimentos das suas gentes e, com um toque de modernidade e as ótimas condições do Expo Salão, acolheu milhares de visitantes, de todo o País. O 6.º Festival de Sopas e Encontro de Ranchos foi a celebração dos sabores da tradição concelhia, através de uma viagem pela história da gastronomia do povo beirão.

Considerada o prato mais antigo do mundo, a sopa é hoje vista como uma referência da cozinha de cada um dos concelhos, das diferentes regiões de Portugal. Por terras sernancelhenses são muitas as referências ancestrais à sopa e às diferentes sopas que eram concebidas pelas gentes das diferentes localidades. Sabe-se, por exemplo, que a sopa era o resultado do aproveitamento dos recursos existentes e, nesse sentido, rapidamente o concelho percebeu que para além da castanha, as aldeias de montanha tinham na sua rotina as sopas mais fortes, com feijão, feijoca, carne, entre outros ingredientes, e as aldeias próximas do Rio Távora davam maior atenção aos peixes do rio.

Ora, para fazer jus à tradição e respeitar a herança gastronómica sernancelhense, 17 associações locais prepararam durante o fim-de-semana milhares litros de sopa, com sabores distintos, ricos em produtos endógenos, que condimentaram com a etnografia dos 10 ranchos folclóricos do norte de Portugal, que subiram ao palco do Expo Salão.

Tendo como grande objetivo dar a conhecer Sernancelhe enquanto território que privilegia a memória cultural do seu povo, o Festival de Sopas é um evento que posiciona o concelho como apostado na valorização dos saberes e sabores de antigamente, recuperando receitas e técnicas de confeção diferenciadoras das aldeias do Concelho.

Por outro lado, o evento pretende demonstrar a importância da agricultura biológica, ainda muito presente nas hortas e quintais das aldeias, promovendo uma mostra de 17 sopas confecionadas com os legumes trazidos pelas associações participantes: sopa de potiron, sopa de peixe, sopa de gravanços com bacalhau, sopa de javali, caldo de castanha, sopa de castanha, sopa de macrolepiota, sopa da banda, sopa de feijão vermelho, sopa dourada, sopa de cogumelos silvestres, sopa à lavrador, sopa de feijoca da Zebreira, sopa de cebola, sopa à pescador, sopa da minha avó, sopa de perca à binante.

Aos milhares de visitantes foi dada a possibilidade de provarem sopas originais, com ingredientes frescos e que não conhecem produtos químicos. A sopa é o somatório dos sabores da terra ao saber que passou de geração em geração e que, caso agora não fosse impulsionado com iniciativas como o Festival de Sopas, corriam o risco de se perder.

A par da capacidade gastronómica de cada associação, o evento contou com a etnografia. Ao palco subiram, durante os três dias, dez Ranchos Folclóricos, numa demonstração da cultura de várias regiões do nosso País. Da serra ao litoral, da Beira Alta ao Minho, foram várias as atuações que encheram o Expo Salão.


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