E que melhor peça de teatro do que o “Auto da Barca do Inferno” para despertar nos alunos o gosto pela obra de Gil Vicente, dramaturgo, que para além de escrever e encenar as suas peças, organizava Festas Reais. Reconhecido como homem dos “sete ofícios”, foi considerado o “pai” do Teatro português.
Por isso, esta peça reúne as caraterísticas para arrancar dos mais novos muitas gargalhadas. A história é simples: num ancoradouro, dois barqueiros, um Anjo e um Diabo, aguardam passageiros que viajam para o outro mundo. Gil Vicente aproveita, claro, para desenhar da sociedade de então. Ao longo de toda a dramatização, o Anjo e o Diabo, assumem o papel de juízes e discutem quem entra na barca de cada um, condenando os seus passageiros à viagem para o Céu ou para o Inferno.
Chegam ao embarcadouro as personagens mais hilariantes, mas representativas da sociedade de então, adivinhando-se, com facilidade, que a barca do Diabo acabará, no final, carregada de passageiros.
Com encenação de David Carvalho, também Diretor da Companhia, o “Auto da Barca do Inferno” apresenta-se com um sentido pós-moderno, mas respeitando fielmente o texto original de Gil Vicente. As personagens foram atualizadas e enquadradas no espaço e no tempo atuais, assim como a música (com temas que foram ou são sucessos mundiais) e todo um guarda-roupa moderno.