Apresentação do livro “Macieira, Aldeia, Gente e Identidade”

MAIS DE DUAS CENTENAS DE PESSOAS NA APRESENTAÇÃO DO LIVRO “MACIEIRA, ALDEIA, GENTE E IDENTIDADE”, DA AUTORIA DE JOSÉ MARIA CARIA

Mais de duas centenas de pessoas assistiram, ao fim da tarde de 8 de agosto, no Largo da Junta de Freguesia de Macieira, à apresentação do livro “Macieira, Aldeia, Gente e Identidade”, obra da autoria de José Maria Caria. Considerado um trabalho de grande valia etnográfica, o livro retrata a pequena comunidade de Macieira, a aldeia conhecida como a “Pérola da Zebreira”, que exibe marcas diferenciadoras a altitude a mais de 900 metros, o granito amarelo, a paisagem de montanha, as gentes e uma cultura rural muito peculiar.

O livro foi apresentado pelo Juiz Rui Manuel Ataíde de Araújo, também prefaciador da obra, e contou com intervenções do Presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe, Carlos Silva Santiago, e do autor, José Maria Caria.

Num cenário de grande beleza, rodeado por frondosas tílias, a cerimónia ganhou um colorido muito interessante pelo cair da noite e pela calmaria do lugar, a que se associaram as pessoas, que preencheram todos os lugares sentados e ocuparam ainda os muros que circundam o largo.

Ao lado do “anfiteatro”, esteve sempre aberta a Taberna do Senhor Zeca, uma figura da aldeia e também protagonista na obra “Macieira, Aldeia, Gente e Identidade”. O autor fez questão de fazer reviver a taberna, preenchendo as prateleiras com os objetos da época, com imagens de antigamente e com o aspeto que seria o de muitos estabelecimentos do género no país mas que, lamentavelmente, foram desparecendo.

Com estes condimentos, iniciou-se a cerimónia de apresentação do livro. Coube a Anabela Santos a coordenação de todo o momento, e a primeira intervenção foi do prefaciador, o Juiz Rui Ataíde Araújo, também ele um cidadão de Macieira, alguém que adotou a aldeia como espaço de vivência, onde deu vida nova ao Solar e à bela Capela de S. Domingos.

Tal como no prefácio do livro, Rui Ataíde reafirmou o encanto que Macieira lhe desperta, falou do passado da aldeia, do património, da cultura e da simplicidade das gentes, apontando para as coisas simples como as mais preciosas, estabelecendo mesmo a comparação entre o autor, José Maria Caria, e o Mestre Aquilino Ribeiro.

De seguida foi a vez do Presidente da Câmara, Carlos Silva Santiago, reafirmar o quanto esta obra se enquadra no projeto municipal de acolher e promover iniciativas de índole cultural/literária que enalteçam o património, promovam as gentes e sejam reflexo de valores que exprimem a vivência em sociedade e ligam as diversas gerações. Nesse sentido, a edição do livro pertenceu ao Município, contando com a colaboração da União de Freguesias de Ferreirim e Macieira.

Depois de felicitar o autor e o prefaciador pela visão muito própria e dedicada a Macieira, disse entender este livro como um legado patrimonial daquela comunidade que deve ser transmitido às gerações vindouras, porque, entende o Presidente, “o que não está escrito não está no mundo”.

Acrescentando que o preço da cultura é incomparavelmente mais baixo do que o custo da ignorância, o autarca entende que o nascimento do livro “Macieira, Aldeia, Gente e Identidade” é a materialização também do desejo do autor quando assumiu o objetivo de mostrar aos mais novos e aos macieirenses na diáspora que a aldeia evoluiu, que é hoje um espaço com qualidade de vida, mantendo a sua identidade bem vincada.

José Maria Caria encerrou a cerimónia. Começando por lembrar momentos de infância na aldeia, que a cronologia do tempo baliza em dez anos de idade, falou da escola, das brincadeiras, dos amigos, das memórias, das tradições e do conhecimento muito rico que ganhou com os anciãos – e que o mantiveram ligado, até hoje, à aldeia, mesmo estando a centenas de quilómetros de distância.

Depois agradeceu a todos quantos, de formas muito distintas mas igualmente empenhadas, deram contributos. Ao juiz Rui Ataíde por aceitar o desafio de prefaciar uma obra literária (empreitada que aconteceu pela primeira vez) e pela forma extraordinária como o fez. Ao Presidente da Câmara por entender, a partir da simples publicação de textos avulsos no Facebook, que os mesmos mereciam estar emoldurados num livro e dados a conhecer a mais pessoas, a mais públicos.

Assumindo neste livro os desejos de servir de fermento para as novas gerações, ajudar a mudar a imagem de Macieira (principalmente junto dos emigrantes no Brasil que daqui partiram há décadas), e ser testemunho da identidade de uma aldeia com princípios e valores, José Maria Caria quis retribuir ao seu povo e às suas gentes com um livro que comprova que, afinal, é um escritor capaz deste exercício único de criar uma obra literária dedicada à sua terra, Macieira, a Pérola da Zebreira.

A cerimónia ganhou um requinte adicional com os três momentos musicais protagonizados por dois alunos do Conservatório Regional de Música de Ferreirim, que encantaram o público presente.


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