Martin Scorsese, "Silêncio"

Foto (http://visao.sapo.pt/actualidade/cultura/2017-01-04-O-Rodrigues-que-inspirou-Scorsese)

O Padre Rodrigues que inspirou Scorsese no filme “Silêncio” é de Sernancelhe

"Silêncio", o novo filme de Martin Scorsese, que estreia em Portugal este mês de janeiro, “pode ser inspirado num Rodrigues verdadeiro, este João de nome próprio, natural de Sernancelhe, missionário jesuíta no Japão do xogunato e daí expulso em 1610, vindo a morrer em Macau rodeado de papelada, estudando as origens das comunidades cristãs do Extremo Oriente”, refere a Revista Visão, na edição de dia 5, na reportagem “O sabre a sotaina”, de Luís Almeida Martins.

É sobre a figura do Padre João Rodrigues que incide a história do filme “Silêncio”, apontado como um potencial candidato aos Óscares pelo portal “Sapo”, edição de 5 de janeiro de 2017. O filme de Martin Scorsese, baseado no romance homónimo de Shusaku Endo, conta a história de dois padres jesuítas do século XVII que foram para o Japão em busca do seu mentor, Cristóvão Ferreira (1580-1650), e que são perseguidos e torturados durante a sua missão. Cristóvão Ferreira é interpretado por Liam Neeson, enquanto Andrew Garfield e Adam Driver surgem como os dois jovens padres.

Padre João Rodrigues, o missionário que, tal como refere Michael Cooper no livro “Rodrigues, o Intérprete”, editado pela Quetzal, em 2004, com a chancela da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, “nasceu em Sernancelhe, Portugal, cerca de 1561”, viria a tornar-se “o mais influente europeu em Nagasaki (Japão)”, sendo-lhe conferida a autoria da “primeira gramática publicada da língua japonesa” e um extenso “trabalho sobre a cultura japonesa que continua a surpreender os leitores modernos pela sua perspicácia e riqueza de detalhes”.

A Embaixada de Portugal Tóquio – Japão, no seu sítio oficial, explica, de forma resumida, o percurso de vida de João Rodrigues: “Padre João Rodrigues – nasceu em Sernancelhe, em 1560 ou 1561. Com apenas 14 anos saiu de Portugal em direção à Índia. Em 1577 chegou ao Japão como membro da Companhia de Jesus. Em 1580 inicia o seu noviciado em Usuki e no ano seguinte inicia-se no estudo de Humanidades, Filosofia e Teologia em Funai (Oita). Em Nagasaki, ao serviço da Companhia, dedicou-se ao ensino da gramática e do latim, vindo a concluir os estudos em Teologia. Foi a Macau para ser ordenado sacerdote e, de regresso ao Japão, tornou-se intérprete de Oda Nobunaga e Toyotomi Hideyoshi, recebendo assim o epíteto de “Tçuzu” (o Intérprete) — como aliás é conhecido entre os historiadores e conhecedores da sua obra. Tornou-se um hábil diplomata e político. Em 1619, após o Édito de Expulsão dos religiosos por parte das autoridades japonesas, partiu para Macau, onde iniciou uma série de investigações com o propósito de conhecer as origens das comunidades cristãs ali estabelecidas desde o século XIII. Apontado como um vulto da cultura universal, faleceu em Macau em 1633. Para além de intérprete, foi um dos autores e coordenador do Vocabulário da Lingoa de Japan, editado em 1603, primeiro dicionário de japonês-português; da Arte da Língua de Japam (1608); Arte Breve da Língua de Japam (1620) e autor de A História da Igreja de Japam”.

Em Sernancelhe Padre João Rodrigues dá o nome ao Agrupamento de Escolas e à praça contígua, onde sobressai um bonito monumento dedicado à sua vida e obra pelo Oriente, local de visita obrigatório para os japoneses que vêm a Sernancelhe à procura das origens de João Rodrigues, que não dispensam uma visita também à Igreja Românica, do século XII, onde creem ter sido batizado, e que está classificada como Imóvel de Interesse Público.

Monsenhor Cândido Azevedo, que dedicou a este jesuíta vários artigos, aponta, no livro “P.E João Rodrigues Tçuzu, editado pelo Município de Sernancelhe, João Rodrigues como uma personalidade de grande relevo na história e na cultura do Japão, com um percurso de vida “prodigioso”, começando por ser “comerciante”, tornando-se mesmo “o agente comercial nas relações entre Portugal e o Japão e entre o Japão e a China e, quase à maneira moderna, de multinacional entre Ocidente e Oriente”.

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