Tendo como objetivo trazer o teatro às escolas e aos meios rurais, a autarquia, que estabeleceu um protocolo com a Filandorra, quis igualmente que a qualidade teatral da Companhia estimulasse os jovens à compreensão de textos vicentinos e fosse uma ferramenta de trabalho para os professores durante as aulas.
Com encenação de David Carvalho, também Diretor da Companhia, o “Auto da Barca do Inferno” apresenta-se com um sentido pós-moderno, mas respeitando fielmente o texto original de Gil Vicente. As personagens foram atualizadas e enquadradas no espaço e no tempo atuais, assim como a música (com temas que foram ou são sucessos mundiais) e todo um guarda-roupa moderno.
Gil Vicente, dramaturgo da corte portuguesa no século XVI, pretendeu com o “Auto da Barca do Inferno” retratar a sociedade de então. Foi representado pela primeira vez em 1517, e centra-se num julgamento num cais onde estão dois barqueiros: o Anjo (Paraíso) e o Diabo (Inferno). À medida que se chegam os embarcadiços o Anjo e o Diabo discutem quem entrará na barca de cada um, condenando os seus passageiros à viagem para o Céu ou para o Inferno.