Inaugurado Projeto inovador da Biointerpretação da Rede Natura de Lamosa
O Município de Sernancelhe, em colaboração com a Junta de Freguesia de Lamosa, inaugurou no dia 9 de Junho, na Zona Social e Desportiva, na presença de cerca de meio milhar de pessoas, o projeto "Biointerpretação da Rede Natura de Lamosa". Considerado pioneiro no campo da valorização ambiental e vital na educação e sensibilização para a ecologia, Lamosa possui a 18ª Estação de Biodiversidade do País e tem tudo para ser uma referência no respeito pelo ambiente e no reconhecimento de que a ruralidade autêntica pode ser fator de desenvolvimento.
Operação financiada pelo QREN, ON2., União Europeia, no valor de 764.682,10 Euros, permitiu requalificar espaços sociais e apetrechá-los com material didático e informativo elaborado exclusivamente para este tema, bem como definir percursos pedestres de promoção da natureza e das espécies, edição de guia interpretativo dos Percursos de Lamosa e DVD com documentário sobre a fauna e a flora daquele local. Contemplou ainda a criação de um centro pedagógico na antiga Escola Primária e de um centro interpretativo no Moinho de Vento, que serve como ponto de partida ao Trilho de Lamosa.
Carlos Manuel Ramos dos Santos, Vereador do Pelouro da Obras e Urbanismo do Município de Sernancelhe, conduziu os trabalhos de apresentação deste complexo projeto. Dando conta de que "hoje é o início do projeto", agradeceu a todas as pessoas e instituições envolvidas na sua concretização". Destacou "o povo de Lamosa, o seu envolvimento e colaboração" e evidenciou a presença de "Carlos Duarte, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte, que aprovou o projeto para que fosse candidatado ao QREN, e Luís Ramos, Deputado da Assembleia da República, na altura com funções de responsável da Universidade de Trás os Montes e Alto Douro (UTAD), que acompanhou a execução do mesmo".
Chamados a explicar o contributo que tiveram neste projeto, Luís Ramos elogiou o "Município por procurar criar mais-valias para o Território, tendo-se rodeado dos melhores especialistas e, por isso, todos nos devemos orgulhar não só do projeto como também do resultado que o mesmo vai ter daqui para a frente".
Paulo Travassos, do Laboratório de Ecologia Aplicada da UTAD, autor dos percursos de Lamosa, do Guia Interpretativo e do DVD, deu conta das potencialidades de Lamosa na vertente ambiental, falando de espécies únicas como o lobo, a toupeira de água, a salamandra lusitânica e o mexilhão do rio. Mas, revelou aquele responsável, "em Lamosa foram referenciadas 75 espécies de aves, 21 de répteis e 20 de odonatas". Os percursos criados permitem aos visitantes contactar com todas elas, tendo sido definidos os percursos "Ao encontro da ruralidade" e "Entre a aldeia e o rio".
ARQUITETO PAULO ALBINO, DE LAMOSA, PROJETOU ESCOLA E TRILHO
Lamosa teve sempre o condão de envolver, de forma ativa, toda a população nos seus projetos. Desta vez, a Rede Natura contou com o contributo do arquiteto lamosense Paulo Albino Santos, que projetou a requalificação da antiga Escola Primária para Centro Pedagógico e os trilhos pedestres. No momento da explicação, Paulo Albino referiu-se em particular à Escola, um edifício de grande valor patrimonial e afetivo para as gentes de Lamosa, tendo "procurado transformá-lo num espaço revitalizado mas que manteve a função pedagógica que desde sempre desempenhou".
A empresa "Mãe D 'Agua", autora da exposição permanente no também requalificado Moinho de Vento e dos jogos didáticos do Centro Pedagógico como o Jogo de Cubos, lembrou que tem como filosofia evidenciar a "natureza e as populações dos espaços Rede Natura". Confidenciando ter-se inspirado em "Aquilino Ribeiro e na sua obra para conceber a exposição permanente no Moinho", referiu-se aos equipamentos didáticos concebidos para a escola como "pensados para proporcionar um bom trabalho dos professores com as crianças".
Por seu turno, a empresa "Mapa de Ideias" criou os livros infantis "De cá para Lá" e o "Roteiro do Professor", publicações que pretendem chegar ao público mais jovem, dando-lhe instrumentos atrativos de aprendizagem do que é e representa a Rede Natura de Lamosa.
Da parte do Museu Nacional da História Natural e da Ciência veio igualmente um contributo decisivo. No caso, ajudou na identificação e conceção da 18ª Estação de Biodiversidade do nosso País, estando agora assinaladas várias espécies únicas.
"LAMOSA NÃO PODIA ESTAR MAIS FELIZ"
Imensamente satisfeito com o projeto que estava a ser apresentado na sua freguesia, o Presidente da Junta de Lamosa, Diamantino Frias disse que "não é uma obra qualquer. Trata-se de uma obra de grande importância para Lamosa, para o Concelho de Sernancelhe e até para o País, que, para além do seu custo, envolveu universidades, investigadores, especialistas e dos mais reputados conhecedores da natureza em Portugal"
"Lamosa não poderia estar mais feliz com este momento. Ver a sua paisagem, os seus monumentos, a sua história e a sua cultura divulgadas pelo Mundo, ensinadas às crianças, é um motivo de orgulho para qualquer terra. Não escondemos que também estamos orgulhosos com o que aqui foi feito e com a importância que este projecto vai ter no futuro e para as novas gerações", esclareceu, com orgulho.
De seguida falou naquilo que considera ser um testemunho para as novas gerações. "Na reta final do meu percurso político, poder deixar esta herança aos mais jovens, significa que cumpri com o que sempre me foi exigido. E não esqueço, nesta como noutras obras, a colaboração sempre pronta e valiosa do senhor Presidente da Câmara e dos senhores vereadores Carlos Silva e Carlos Santos"
O autarca não esqueceu também que foi possível "tornar funcional o Moinho de Vento e devolver a Escola Primária à população, duas obras sonhadas e desejadas por todos os lamosenses"
Diamantino Frias lembrou, a propósito deste projeto, a participação de toda a população, mas destacou uma pessoa em especial: "Permitam-me que destaque o lamosense Paulo Albino, arquiteto que projectou a Requalificação da Escola Primária e o Trilho de Lamosa, e lhe dê os meus parabéns por se dedicar desta forma a Lamosa, por sentir o pulsar forte das suas raízes e por procurar sempre o melhor para a terra onde nasceu e vive". A finalizar, o Presidente da Junta foi claro: "Olhando para o projecto da Rede Natura de Lamosa, que aqui inauguramos, e que eleva a nossa terra a um patamar onde muitas desejariam estar, confio nos jovens de Lamosa para cuidarem deste precioso património que a natureza nos deu. Que dele saibam retirar a riqueza para a nossa terra, consigam fixar gente, atraiam visitantes, cativem as escolas e as universidades e façam de Lamosa um terra de referência no nosso País".
"A RURALIDADE PODE SER A SALVAÇÃO DA AGRICULTURA E DO INTERIOR DO PAÍS"
José Mário Cardoso, Presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe, reforçou as palavras do Presidente da Junta: "Esta não é, de facto, uma obra qualquer; esta é a cereja no topo do bolo para a freguesia de Lamosa". Olhando para o contexto nacional e para a cada vez mais evidente separação entre litoral e interior, o edil disse ainda que "este projeto, para além da envolvência que gera, é um desafio à dinâmica e à capacidade de nos promovermos e valorizarmos. O nosso desafio é provar que a ruralidade, devidamente preservada, pode ser a salvação do mundo agrícola e do interior do País".
"A paisagem humana, a natureza, Aquilino Ribeiro e Lamosa podem ser um centro de desenvolvimento para o Concelho de Sernancelhe", acredita José Mário Cardosos, que se confessou "grato e reconhecido a todos, incluindo a todas as equipas que trabalharam aqui, e muito particularmente ao elemento polarizador, ao Vereador Carlos Santos, sem esquecer o papel determinante do Engº Carlos Duarte e do professor Luís Ramos".
"ESTE PROJETO ULTRAPASSOU TODAS AS EXPETATIVAS"
Carlos Duarte, responsável pela execução do programa ON2, da CCDRN, que aquando da aprovação do projeto da Biointerpretação de Lamosa, considerou tratar-se do "melhor projeto que já lhe apareceu", confirmou que "a execução ultrapassou as expetativas".
"Neste como noutros projetos o Município de Sernancelhe é poupado e conseguiu incluir também a recuperação da escola primária e transformá-la em Centro Pedagógico", lembrou Carlos Duarte.
"Quando em 2008 o País falava em TGV´s e em aeroportos, o Município de Sernancelhe falava em património e em criação de riqueza e dinâmica empresarial. Por isso pensava na Zona Empresarial de Ferreirim, no Espelho de Água no Távora e neste projeto de Lamosa", elogiou, referindo-se a este último como "um projeto de execução de grande qualidade e que terá verdadeiramente repercussão se for gerido e valorizado pela população e pelas escolas. É preciso que haja ambição", terminou.
Do programa da tarde, tempo ainda para que os visitantes conhecessem os espaços criados no âmbito da Biointerpretação da Rede Natura de Lamosa. Desde logo, com a inauguração do Centro Pedagógico na antiga Escola Primária e, de seguida, do Centro Interpretativo, no Moinho de Vento, onde funciona a exposição permanente..