Lapa – 500 Anos de História

Lapa – 500 Anos de História

Honrar e Respeitar um Património

Texto: Paulo Neto - www.ruadireita.pt

… Este foi o lema, a acção e o objectivo da autarquia de Sernancelhe, em conjunto com a Junta de Freguesia da Lapa e com o IGESPAR/DGP, para as obras levadas a cabo no terreiro do Santuário-Colégio da Lapa, o espaço que este fim de semana, 3 4 e 5 de junho, acolhe o lançamento da Revista Literária "aquilino", enquadrada na VIII Feira Aquiliniana.

Assim, e perante a envolvência comercial criada secularmente em torno do turismo religioso que atrai milhares de peregrinos à Lapa e perante o pouco digno aspecto que aquele quase casbah marroquino apresentava, com vendedeiras debaixo de guarda-sóis multicolores, sem condições de preservação dos produtos, pela canícula estival, ou pela algidez de inverno, sem acautelar o bem-estar de quem ali exerce seu mester, foi decidido pelas autoridades competentes e no integral respeito pela traça arquitectónica exterior de todo local, construir barracas de vendas, amovíveis, em madeira escura envernizada, com adequadas e propícias condições de acolhimento de comerciantes e de preservação dos géneros à venda, com electricidade e frio.

Bem assim, se criou o logotipo “LAPA Aldeias de Portugal” para uma apelativa difusão esteticamente muito acertada daquele “lugar de atracção para Sernancelhe no âmbito do turismo religioso e cultural, bem como porta de entrada de milhares de visitantes no concelho”, nas palavras proferidas por Carlos Silva Santiago, presidente da autarquia.

Todos os estabelecimentos comerciais foram alvo de uma homogeneização estética onde imperou um consensual bom gosto na definição e utilização dos materiais e das cores, nas esplanadas, toldos, lousas de referência, vasos e plantas.

Também no terreiro foram instalados bancos em granito e madeira que proporcionam lugar de repouso, esteticamente adequado com floreiras e flores sazonais, assim como caixotes de lixo, também em madeira, discretos e harmoniosamente integrados em todo o espaço.

Muitos milhares de euros custou esta modelar obra e ontem, pelas 19:00, numa cerimónia informal, o presidente da autarquia, rodeado dos elementos da Junta local, procedeu à inauguração da obra, convidando todos os vereadores e juntas do concelho.

Era visível a satisfação do povo da Lapa e mais ainda de todos os vendedores e comerciantes locais.

O espaço da Lapa foi repetidamente vítima de várias agressões e de poluição visual que desfiguraram por diversas vezes aquela envolvência do Santuário e antigo Colégio.

A unanimidade nunca esteve presente. A interdição de circulação e estacionamento de veículos nunca foi respeitada. Há agora condições para implementar e inaugurar uma nova época, mais próspera para todos, mais atraente para aquele topos e mais digna em termos estéticos e de estruturas de apoio comercial.

Não esqueçamos que a Lapa sempre atraiu milhares de visitantes de há séculos a esta data e quem dúvidas tiver pode pegar no livro de Aquilino Ribeiro, que ali estudou de 1895 a 1900, “Terras do Demo” e ler as empolgantes e coloridas páginas sobre romaria e acerca dos feirantes que ali acorriam com toda a espécie de produtos à venda, no dia 15 de Agosto, dia da padroeira, a Nª Senhora da Lapa.

O progresso faz-se com regras, sem autocracias infundamentadas e sem desvirtuar/desfigurar os espaços com base em afuniladas ópticas pessoais, estéticas duvidosas e antes no espírito respeitador da lei vigente sobre a matéria.
A Lapa e os lapenses estão de parabéns!


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