Com as largadas agora efetuadas, Sernancelhe garante que todas as freguesias estão preparadas para a luta biológica contra a vespa das galhas do castanheiro, não havendo, no corrente ano, indicadores científicos que justifiquem mais largadas. Aliás, os resultados concretos das largadas demoram cinco a seis anos a verificarem-se nos soutos, e só ocorrerão verdadeiramente quando o equilíbrio na natureza for atingido. E, como reconhecem os técnicos, vai acontecer depois de vários anos, ou seja, a vespa não desaparecerá de um dia para o outro mas vai deixar de ser uma praga prejudicial. Contudo, ainda assim, importa esclarecer que os dados dos últimos anos são tranquilizadores, pois não se verificaram quebras na produção e a qualidade da castanha tem mantido os padrões que a diferenciam no mercado.
Em maio de 2015 foi detetada no concelho de Sernancelhe a presença da vespa das galhas do castanheiro. A partir de então, consciente da importância que a castanha tem para a economia local e nacional, Sernancelhe assumiu-se como um dos primeiros Municípios do País a apoiar os produtores de castanha, financiando o meio de luta contra a referida praga, só possível com a luta biológica através de largadas de um parasitoide designado Torymus sinensis.
A luta biológica em Portugal é gerida e planeada pela Comissão Técnica local, composta pelo Ministério da Agricultura e Veterinária, Associação Portuguesa da Castanha (RefCast) e Municípios. Aos municípios cabe, para além do apoio de âmbito logístico e técnico, a compra das largadas e a supervisão das mesmas. Nesse sentido, o Município aderiu ao Protocolo “BioVespa”, em dezembro de 2015, tendo vindo a atuar sempre de acordo com as orientações técnicas e científicas dos organismos que estudam a praga da vespa das galhas do castanheiro.
Ao fim de seis anos de luta contra a vespa das galhas do castanheiro, o Concelho de Sernancelhe já se encontra em fase de monitorização dos efeitos da referida luta, uma vez que cientificamente são apontados resultados ao fim de 5/6 anos da fixação do parasitoide, sendo que a RefCast, elemento da Comissão com responsabilidade científica, na pessoa do Prof. Dr. José Gomes Laranjo, garante que o concelho está a efetuar o que é correto e os resultados positivos estão já a verificar-se em várias freguesias.
De resto, o estudo e análise efetuada pelo Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) comprova, através de recolha de galhas no concelho, durante o inverno, que o parasitoide (inseto bom) está instalado, o que indicia que o tratamento biológico está a produzir resultados positivos para os castanheiros e para os soutos.
Referir ainda que Sernancelhe é reconhecido como um Concelho que está na liderança regional na luta biológica contra a vespa das galhas do castanheiro, pois desde 2015, e de forma coordenada e nos locais onde foi detetada a existência da vespa (pois este é um tratamento de combate e não preventivo), foram efetuadas largadas nas freguesias de Arnas, Carregal, Tabosa do Carregal, Aldeia de Santo Estêvão, Chosendo, Cunha, Tabosa da Cunha, Ferreirim, Macieira, Fonte Arcada, Escurquela, Granjal, Lamosa, Penso, Freixinho, Quintela, Lapa, Sernancelhe, Sarzeda, Mosteiro, Seixo e Vila da Ponte.