Ao fim de sete edições, o Festival de Sopas e Encontro de Ranchos comprovou ser uma iniciativa com enorme aceitação por parte dos visitantes. Depois da abertura oficial do evento pelo Vice-Presidente da Comunidade Intermunicipal do Douro, Nuno Gonçalves, os visitantes chegaram em grande número e não regatearam elogiosos quanto à qualidade e quantidade das sopas, não esconderam a sua satisfação pela organização do espaço, pela qualidade dos grupos etnográficos por Sernancelhe ter decidido apostar, de forma decidida, num evento que alia a manifestação etnográfica proporcionada por dez ranchos folclóricos do nosso País ao saber ancestral da confeção das sopas.
Mas para que tudo isto pudesse acontecer, o trabalho mais vultuoso foi assinado pelas 18 associações do concelho que criaram milhares de litros de sopa, com sabores distintos, ricos em produtos endógenos, condimentados com cultura, tradição e as marcas autênticas da identidade sernancelhense. E também como nomes tão sugestivos como sopa dos Namorados, de Peixe, de Gravanços com Bacalhau, de Javali, de Castanha, à Pica-Peixe, da Banda, de Feijão Vermelho, Dourada, de Cogumelos Silvestres, à Lavrador, de Feijoca à Zebreira, de Cebola, à Pescador, da Aldeia, de Perca à Binante, e de Carrapatos.
Tendo como objetivo dar a conhecer Sernancelhe enquanto território que privilegia a memória cultural do seu povo, o Festival de Sopas e Encontro de Ranchos é um evento que posiciona o concelho como território apostado na valorização dos saberes e sabores de antigamente, e que valoriza as receitas e técnicas de confeção das suas aldeias, tanto de montanha como daquelas que são vizinhas do Rio Távora.
Por outro lado, o evento vai ao encontro do conceito de cultura biológica, ainda muito presente nas pequenas explorações das aldeias, promovendo uma mostra de 18 sopas confecionadas com ingredientes trazidos pelas associações participantes, dando a provar aos visitantes sopas originais, sopas únicas, que resultam do somatório dos sabores da terra ao saber, passados de geração em geração e que, caso agora não fossem impulsionados com iniciativas como o Festival de Sopas, corriam o risco de se perder.
A par da sabedoria gastronómica de cada associação, o evento contou com a etnografia, trazida ao Expo Salão de Sernancelhe por ranchos de Gouveia, Ponte de Lima, São Brás de Alportel, Trofa, Viseu, São Mamede Infesta, Ílhavo, Guimarães, Penedono, bem como os do concelho, numa demonstração da cultura de várias províncias históricas de Portugal como Beira Alta, Beira Litoral, Douro Litoral, Minho e Algarve.