VIII Feira Aquiliniana

Feira Aquiliniana: a Lapa e Aquilino numa viagem única pela história e cultura no nosso povo

A Lapa, terra erguida pela arte e engenho dos jesuítas no século XV, foi palco de um fim-de-semana de Feira Aquiliniana, um evento que promoveu o reencontro com os tempos antigos, onde a romaria de fé combinou harmoniosamente com a festa, a animação, o comércio e a feira tradicional, plena de artes e ofícios, sonorizada pelos ranchos folclóricos e pelas concertinas. A vertente cénica foi protagonizada, de forma irrepreensível pela Escola Profissional de Sernancelhe, com os trajes fiéis ao século XIX e XX, os ofícios recriados, os pregões anunciados, no recorte gastronómico apresentado e na alegria natural que souberam emprestar à Feira Aquiliniana, levando os visitantes a participarem nos diversos momentos proporcionados.

Milhares de pessoas passaram pela Lapa, Aldeia de Portugal, motivados pela Feira Aquiliniana, iniciativa que regressou àquele lugar mítico depois de terem sido criadas as condições que reformularam o espaço, conferindo-lhe qualidade para acolher um evento desta natureza. Ordenada a venda de produtos locais, nomeadamente o queijo tradicional, requalificado o espaço frontal ao santuário, uniformizada a imagem dos estabelecimentos comerciais, com a marca Aldeia de Portugal, a Lapa engalanou-se para a VIII Feira, dedicada a Aquilino Ribeiro, o escritor que estudou naquele local, e que tanto o marcou.

A Lapa e Aquilino Ribeiro são, de resto, duas marcas de Sernancelhe, que assumem cada vez mais uma dimensão nacional. Com mais de cinco séculos, a Lapa é um dos principais centros de romagem em Portugal e Aquilino é um dos mais reconhecidos escritores portugueses do século XX, que mereceu honras de Panteão Nacional em 2007. Ora, o Município de Sernancelhe, retomando um evento de grande sucesso, juntou estas duas referências históricas do Concelho na VIII Feira Aquiliniana, nos dias 3, 4 e 5 de junho, promovendo uma “viagem” pela autenticidade que define esta terra e estas gentes.

O certame abriu com a apresentação pública do n.º 3 da “aquilino”, Revista Literária do Município de Sernancelhe, ao início da noite de 3 de junho, nos claustros do Colégio da Lapa. Mais de 200 pessoas assistiram à cerimónia, que contou com intervenções de Paulo Neto, Diretor da publicação, Alberto Correia, historiador e colaborador da "aquilino", e Carlos Silva Santiago, Presidente da Câmara Municipal.

O lançamento da revista "aquilino" abriu com chave de ouro um fim de semana de intensa atividade cultural, no contexto de um extraordinário conjunto patrimonial com mais de 500 anos, bafejado pelo misticismo de uma Aldeia de Portugal e, ao mesmo tempo, prestando tributo a Mestre Aquilino.
Por entre o cheiro do pão alvo da Lapa e do famoso queijo espalmado, de pequenas dimensões, o movimento sempre constante de peregrinos, a Feira mergulhou na literatura de Aquilino, nas descrições das suas obras, referindo trajes, rituais, atividades e personagens, e procura o equilíbrio entre o sentido religioso e a questão profana do comércio, das tascas, dos comes e bebes.

A Feira, que no fundo pretende ser uma recriação histórica, contou com representações cénicas dos hábitos e costumes tradicionais por grupos etnográficos e de teatro, animação de rua, atuações de ranchos folclóricos e grupos de concertinas e fado à desgarrada e uma mostra permanente de artesanato e de produtos regionais, sempre enquadrados no ambiente que recria a Lapa de finais do século XIX, início do século XX.

A Lapa promoveu com a Feira Aquiliniana uma montra de cultura, de autenticidade, que a todos fez recuar ao tempo das romarias alegres, da Lapa como ponto de encontro de fé e de festa, um verdadeiro centro de inspiração e de peregrinação capaz de retemperar a alma e o corpo. Cor, alegria, convívio, gastronomia, animação com sons de outros tempos foram momentos que quem passou pela Lapa testemunhou e poderá guardar… até para o ano.

A todos quantos contribuíram para esta viagem pelo tempo, até ao tempo dos nossos antepassados, da nossa memória e da nossa história, o Município endereça um sincero agradecimento. Bem hajam.





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