Foi uma homenagem a Aquilino Ribeiro, à sua obra e à sua vida. É esta a frase mais exata para resumir o essencial das intervenções que durante hora e meia foram intensamente aplaudidas pelas quase duas centenas de pessoas que encheram a sala do Museu do Centro de Artes.
Paulo Neto assumiu a coordenação da cerimónia de apresentação, começando por contar a “história” da “aquilino”, chamando ao palco o antigo Presidente do Município, José Mário Cardoso, que iniciou o projeto da Revista Literária. A “aquilino” nasceu em 2009, reunindo então dezenas de artigos de conceituados académicos, documentos raros e grande parte deles quase desconhecidos, tendo logrado, de imediato, extraordinária aceitação. Rapidamente esgotada, seria motivo para um segundo número, que surgiria em 2010, com o mesmo estilo gráfico, maior dimensão, tendo sido apresentada publicamente pelo senhor Eng.º Aquilino Machado, filho do escritor Aquilino Ribeiro, no Auditório Municipal de Sernancelhe.
Em 2016 um novo número foi criado, concretamente uma fotobiografia de Aquilino Ribeiro, mais atual, com o propósito de apelar a novos públicos e a novos leitores da obra do escritor. O projeto viria a ser muito bem aceite, tendo conseguido ser publicação da semana da Bertrand Editora, que encontrou na “aquilino” a qualidade para poder ser vendida nas suas livrarias. Está igualmente esgotada.
Depois centrou a sua análise no 4º número da Revista “aquilino”, que tem como temática “os prefácios de Aquilino em obra alheia”, compila mais de 30 textos que o Mestre fez para outros escritores durante as décadas de 20, 30, 40, 50 e 60 do século XX, onde se incluem Almeida Garrett ou Boris Pasternak. São a confirmação do trabalho de Aquilino como prefaciador de obras alheias, dando sempre a mão (a sua pena) a novos autores, desvendando um escritor polivalente, dono de uma cultura imensa, onde a sua Beira, as suas gentes e a sua identidade tinham sempre lugar destacado.
Com os acordes assegurados pelo Conservatório Regional de Música de Ferreirim, Paulo Neto chamou Maria Eugénia Pereira, professora da Universidade de Aveiro, que prefaciou este n.º 4 da “aquilino”. Visivelmente emocionada por recordar a sua ligação a Sernancelhe e a Aquilino Ribeiro, a docente explicou a importância do prefácio, como surge, quando surge e o contributo que confere ao livro.
Depois foi tempo de ouvir os autarcas das Terras do Demo, epíteto dado por Aquilino a Sernancelhe, Moimenta da Beira e Vila Nova de Paiva. José Eduardo Ferreira, Presidente da Câmara de Moimenta da Beira, falou do Mundo de Aquilino, da sua universalidade e da responsabilidade dos municípios na sua valorização e divulgação. Definindo Aquilino como homem de caráter e de valores, apontou-o como um exemplo também para os dias de hoje.
Por seu turno, José Morgado, Presidente da Câmara de Vila Nova de Paiva, lembrou a dimensão de Aquilino Ribeiro na nossa sociedade e, em particular, nos concelhos das Terras do Demo. Referindo que nos dias de hoje o interior mantém a mesma atitude e o mesmo desejo de lutar que no tempo do Mestre e que, já naquela altura, ele promovia-nos e defendia-nos em Lisboa.
Carlos Silva Santiago, Presidente da Câmara Municipal de Sernancelhe, falou de Aquilino como um humanista e solidário homem de letras, um símbolo da liberdade, que muito contribuiu para que os nossos territórios ganhassem a sua identidade e, graças a ela, possam diferenciar-se e manter-se atualmente atrativos e únicos.
Recordando que Sernancelhe tem como marcas a “Castanha”, “Lapa” e “Aquilino”, referiu ser um orgulho para o Município de Sernancelhe editar a Revista Literária “aquilino”, em particular este número que revela um escritor disponível para prefaciar obras alheiras, para dar a mão a novos autores, para emprestar o seu nome a quem se iniciava na literatura.