Mais de 3000 litros de sopa confecionados durante o IV Festival de Sopas de Sernancelhe

Mais de 3000 litros de sopa confecionados durante o IV Festival de Sopas de Sernancelhe

Em apenas quatro edições, o Festival de Sopas de Sernancelhe ganhou lugar no calendário nacional de eventos de inverno. Durante três dias foram confecionados pelas 16 associações presentes mais de 3000 litros de sopa e foi contabilizada a presença de milhares de visitantes. Um sucesso inquestionável de um evento que alia a vertente gastronómica à etnografia, que consegue juntar, no Expo Salão, a tradição da sopa como elemento explicativo da cultura beirã ao espetáculo dos ranchos folclóricos de todo o País. Este ano, e como complemento, Sernancelhe integrou no Festival de Sopas a apresentação do livro “A Doçaria Portuguesa”, da autoria de Cristina Castro, trabalho que confirma o concelho como terra de doces conventuais e de grande riqueza gastronómica.

Tendo como objetivo dar a conhecer o Concelho de Sernancelhe enquanto território onde a gastronomia é um elemento cultural secular, o Festival de Sopas comprovou ser um evento que define a aposta clara nos saberes e nos sabores de antigamente, que recupera as receitas e as técnicas de confeção diferenciadoras das aldeias do Concelho, associando-lhes os produtos da terra, na sua maioria biológicos e colhidos nas hortas e quintais ao redor dos núcleos das freguesias. A sopa é o resultado desse saber que passou de geração em geração e que, caso agora não fosse impulsionado com iniciativas como o Festival de Sopas, corria o risco de se perder.

Nesta quarta edição foram 16 as associações impulsionadoras das sopas, percebendo-se, aliás, nestas agremiações a preocupação em inventariar as receitas tradicionais de cada comunidade como forma de garantir a sua perpetuação, processo determinante para que o Concelho disponha, dentro de alguns anos, de perto de uma centena de sopas que explicam o seu passado.

Por outro lado, a organização une ao certame a vertente cénica e musical de base tradicional, com os ranchos folclóricos a assumirem a missão de representarem as regiões, os seus costumes e tradições.

Referindo que todas as sopas têm por base produtos locais, Carlos Silva Santiago, Presidente da Câmara, disse que “um evento desta natureza não esbarra nas fronteiras do Município de Sernancelhe”, dando como justificação a dimensão que atingiu em apenas quatro edições, bem como a presença dos presidentes de câmara dos concelhos vizinhos de Penedono, Tabuaço e Moimenta da Beira. Carlos Silva entende que estas presenças são sinal da união dos autarcas na defesa dos seus produtos de referência e do setor primário. Estiveram também presentes os deputados da Assembleia da República Pedro Alves e Lima Costa. No momento da abertura do certame, no dia 17 de fevereiro, coube a Academia de Música de Sernancelhe a responsabilidade do momento musical, seguido da atuação do Grupo de Cantares da Arrifana, Guarda. No dia 18, atuaram os ranchos “Os Camponeses da Raposa”, de Almeirim, o Rancho de Penedono, os “Pauliteiros de Cércio”, Miranda do Douro, e o Rancho Folclórico da Areosa, Viana do Castelo.

No dia 19 foi a vez do Rancho Folclórico Nossa Senhora da Nazaré, Aveiro, do Rancho do Caçador, Viseu, Rancho Folclórico de Arnas e Rancho Folclórico de Sernancelhe.

A componente literária foi igualmente destacada com a apresentação do livro “A Doçaria Portuguesa – Norte”, da autoria de Cristina Castro, que contou com intervenções do Vereador do Pelouro da Cultura do Município de Sernancelhe, Armando Mateus, do Confrade-Mor da Confraria da Castanha, Alberto Correia, de Luísa Gil dos Santos, autora do Livro “Ciclo Vivencial da Tabosa”, da autora Cristina Castro e do Presidente da Câmara Municipal, Carlos Silva Santiago.

Durante três dias, o Festival das Sopas, que teve entrada livre e mais de uma dezena e meia de sopas em prova, contou com uma exposição etnográfica das artes e dos ofícios de antigamente, onde não faltaram as antigas cozinhas da aldeia, as tabernas e os espaços agrícolas típicos dos meios rurais.
Tirando proveito do espaço do Expo Salão, e com a colaboração de associações, juntas de freguesia, restaurantes locais, contando com o extraordinário contributo da Escola Profissional de Sernancelhe e com os alunos e formadores do curso de Cozinha e Restaurante/Bar, o Município de Sernancelhe proporcionou a milhares de visitantes de todo o norte de Portugal uma iniciativa plena de tradição, de autenticidade, revitalizando o culto da sopa e uma “viagem” pelos sabores que, afinal, explicam o nosso passado.


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