Com tão impressionante percurso profissional, André Cardoso retorna a Sernancelhe sempre que a oportunidade surge. Regressar ao Auditório e ao piano que bem conhece é um exercício que cumpre com particular dedicação e gosto.
Uma lesão no ombro direito levou-o ao aperfeiçoamento de obras escritas para a mão esquerda. Tratando-se de um repertório ausente das salas de concerto, o recital de piano “para uma destra mão esquerda” mergulhou nas criações musicais de Bach, Alexander Scriabin, António Chagas Rosa, Vasco Negreiros, Vianna da Motta e António Victorino d´Almeida.
E, nesse particular, André Cardoso mostrou que é possível redescobrir a alma do piano e a reinvenção do seu mundo imagético. Como complemento, o pianista sernancelhense desvendou a sua invulgar capacidade de explicar as peças interpretadas, de descodificar a mensagem e o contexto da criação das mesmas, prendendo, de forma subtil, prender o público às interpretações.
Foi, sem dúvida, o momento alto dos “Tons de Primavera”, iniciativa que junta o desporto, a música, o teatro e a literatura, procurando colorir esta estação do ano com sons, imagens, personagens e cultura.