Centro de Histocompatibilidade do Norte pretende sensibilizar para Leucemia e apelar a novos dadores de medula
Painéis de azulejos pintados por crianças de todo o País em exposição no Centro de Artes de Sernancelhe
Salvar uma vida humana pode ser tão simples como dar medula a quem precisa de um transplante. Ser solidário é um dever de todos, e que devemos cumprir no dia-a-dia. Foi esse sentido humano e social que a 99ª exposição no Centro Municipal de Artes de Sernancelhe revelou. Cento e um painéis de azulejos, pintados por meninos de várias escolas do País, retratam o tema “Medula: a Fábrica da Vida”, pretendendo servir de incentivo a que as pessoas se inscrevam no banco de dadores de medula óssea e contribuam decisivamente para salvar doentes com leucemia.
A exposição, da iniciativa do Centro de Histocompatibilidade do Norte, chegou a Sernancelhe por intermédio da Câmara Municipal, Agrupamento de Escolas de Sernancelhe, Escola Profissional e Associação de Pais. Uma união institucional, em torno de uma causa comum.
“Esta exposição supera todas as que já aqui vimos pela razão pedagógica, humana e social; é um privilégio para nós ter uma exposição como esta, que nos mostra uma realidade tão próxima e que por vezes quase negamos”, disse José Mário Cardoso, Presidente da Autarquia de Sernancelhe, lamentando que, mais uma vez, a comunicação social, mesmo a de expressão nacional, “não dá visibilidade a causas como esta, tão importantes e determinantes na sociedade portuguesa”.
Rui Pinto Reis, assessor da Directora do Centro de Histocompatibilidade do Norte, Dra. Helena Alves, agradeceu o convite feito pela Câmara Municipal de Sernancelhe para que a exposição viesse para o Centro de Artes, e apresentou o Dr. João Mota, Psicólogo daquela instituição tutelada pelo Ministério da Saúde, conhecedor profundo do projecto “Medula: a Fabricada Vida” como sendo, muito provavelmente, a pessoa mais habilitada para falar deste projecto.
“É uma exposição extremamente simples, mas com grande importância para nós e para o País. Tudo começou com o lançamento de um CD, em 2005, cujo nome era “Medula: a Fábrica da Vida”, em que se pretendia explicar o que era a leucemia e como se tratava”, explicou João Mota. “O CD foi enviado a todas as escolas no sentido de sensibilizar e incentivar os jovens a serem dadores de medula quando atingissem os 18 anos. Na sequência deste trabalho, foi proposto às escolas a discussão do tema nas aulas de ciências e o envolvimento dos alunos e professores na preparação de painéis de azulejos”. O resultado superou todas as expectativas, já que foram pintados 101 painéis, muito expressivos e carregados de simbolismo, que terão como destino “as paredes das futuras instalações do Centro de Histocompatibilidade do Norte, cuja construção se inicia em 2011”.
O Centro de Histocompatibilidade pretende que os painéis sejam “um testemunho para o futuro e simbolizarão a participação das crianças e da sociedade civil na luta contra a leucemia e na construção conjunta de soluções para os doentes, muitos deles crianças também”. Em conclusão, o psicólogo deixou uma certeza: “Os nossos alunos gostam de trabalhar; só têm de ser estimulados”.
Fernando Paulo Baptista, presença assídua nas exposições do Centro Municipal de Artes, destacou a importância da iniciativa, apelou à participação de todos como dadores de medula, e classificou a exposição como sendo “científica, cultural e sobretudo carregada de humanidade”. “Ajudem a salvar pessoas”, exultou.
A exposição estará parente até ao fim do mês de Janeiro e poderá ser visitada no Centro de Artes (e também na sua Sala Museu) de segunda a sexta entre as 9:00 horas e as 17:30 Horas, e aos fins-de-semana das 14:00 horas às 18:00 horas.
A terminar a 99º exposição do Ciclo Musicarte, até porque a 100ª vai decorrer no Exposalão Sernancelhe, tempo ainda para admirar a mestria dos jovens tocadores de concertinas do grupo de Concertinas do Távora e Douro Sul, no Auditório Municipal. Depois de uma exposição em que foram as crianças e os jovens os grandes protagonistas (já que pintaram os painéis de azulejos), nada melhor do que serem os jovens artistas da música a fechar com chave de ouro mais uma iniciativa do Município de Sernancelhe, que teve o grande mérito de se associar às instituições ligadas à educação no Concelho, nomeadamente Agrupamento de Escolas, Escola Profissional e Associação de Pais.